terça-feira, julho 13, 2004

FELIZ DIA INTERNACIONAL DO ROCK (Loco)

Era foda ter 13 anos de idade em 1985 e gostar de rock em Salvador. Dentro desse contexto, mais foda ainda era estudar no Marista. Tirando Emerson Borel (RIP), Bruno Uzeda (q tocou na Síncope e hj toca jazz), Rozendo Loyola (que hoje é tatuador e mora na Itália desde 1991) e um doidão do metal chamado Caryl (que num faço a mínima idéia de onde anda), ninguém mais gostava de rock naquela redoma de vidro que era aquele colégio. Sério, ninguém mesmo. Como eu era repetente (isso já em ?86), ainda fui separado desses meus colegas e caí sozinho numa sala onde só tinha gente careta que fazia pouco de mim, por que eu era rockeiro, maluco, diferente, esquisito, maconheiro. Enfim: marginal total, coisa que hoje, me enche de orgulho, se vcs querem saber. Imagino como deve estar hoje em dia toda aquela gentalha: as meninas que sequer olhavam para a minha cara já devem ter tido uns sete filhos, estão gordas como umas tias velhas e têm sonhos eróticos com galãs de novela das oito. Já os meninos usam gravata (como o papai), são médicos, engenheiros e advogados (como o papai), têm carro do ano (como o papai) e odeiam aquela vaca gorda que os espera em casa (como o papai).
Tudo isso é para dizer que, graças ao rock n? roll, eu me livrei (acho eu) de me enquadrar e me tornar um reles bundão engravatado classe-média. Lembro de ir dormir tremendo de raiva daquele colégio, daqueles professores, e daqueles jovens que eram meus colegas e que pareciam ser mais velhos e caretas que meus próprios pais, tamanho o preconceito que era diariamente despejado sobre minha cabeça. Tipo, alguns colegas estavam conversando, e aí eu, num esforço para me enturmar, emitia uma opinião e ouvia de bate pronto: ?você sabe de porra nenhuma, você é rockeiro. Maluco!?. E era deixado de lado, sem mais. Dá para acreditar? Era mesmo no século 20 que aquelas pessoas viviam? Será que elas chegaram ao século 21? Sinceramente, espero que não.
Hoje é o Dia Mundial do Rock, e para não deixar a data passar em branco, pensei em dizer aqui por que o rock é importante para mim. O rock é importante para mim por que ele me apartou definitivamente de toda aquela gentalha que me olhava esquisito. O rock é importante para mim por que nele eu encontrei meus verdadeiros amigos, gente de verdade, que não tava nem aí se tua farda era a mesma do ano passado ou se tua mochila não era da Company. O rock é importante para mim por que me mostrou que eu não precisava, não precisei e jamais vou precisar ser igual à ninguém. O rock é importante para mim por que ele me deu um espelho, e nele eu vi como eu era muito mais bonito, inteligente e legal do que todo mundo que fazia pouco do que eu era. Ah, e mais modesto, também.
Feliz dia do rock, putada.

Um comentário:

Daniel Barbosa disse...

porra, belo depoimento, imagine eu que estudei no interior em colégio de freira!!!me lembro um dia que fui com um patch na calça do colégio, escrito replicantes, a freira mandou em tirar. E outra vez que raspei o cabelo tipo arnaldo antunes. foda, foda, foda, só o rock para nos salvar dessa hipocrisia toda.lt´s rock nesses filadaputa.