quarta-feira, dezembro 28, 2005

FECHANDO A TAMPA 2005

O ano em que o Rock Loco (programa de rádio) acabou também está acabando e sinceramente, já vai tarde. Como bom sagitariano, não olho para trás, minha flecha tá apontada pra frente, pro que vem aí. 2005 não foi tão ruim como 2004, mas também não foi grandes coisas. Isso, em nível pessoal. Quanto ao rock, tivemos algumas coisas boas. O histórico show do Placebo na Concha Acústica (em abril). A excelente leva de shows internacionais que tivemos lá no Brasil a partir do segundo semestre. A emocionante apresentação do Pink Floyd reunido no Live 8 (em julho). A volta da revista Bizz. A cena local cada vez mais ativa, com uma nova leva de bandas pós-Pitty chegando no sul e em vias de assinar contrato com selos e gravadoras de renome. 2006 promete. Ainda não sei exatamente o quê, mas promete. Luciano Matos disse no Caderno Dez dessa semana que teremos mais um show internacional de responsa esse ano que vai começar, mas ainda não podia revelar nomes. Quem será? Pam-pam-paaaaam! Continuem ligados, espertos e lendo o Rock Loco, o Clash City Rockers, o El Cabong, o Eu tava aqui pensando, o Burn Bahia Burn e o Bahia Rock, entre outros, para acompanhar os desdobramentos da cena rock baiana. Garanto que vale a pena. Esses dias, Luciano me enviou email pedindo para participar do Prêmio Rock BA 2005, indicando cinco nomes para cada categoria. Tive muita dificuldade em indicar CDs, EPs e Bandas do Interior, pois não recebo material das bandas. Mais uma vez, venho pedir ao pessoal das bandas que acreditem no meu trabalho e me enviem material (CDs, EPs, releases etc). Como posso divulgar, avaliar, resenhar e finalmente, indicar ao Prêmio idealizado pelo bravo Luciano, se não recebo material de vocês? Aí do lado tem um email, pelo qual vocês podem entrar em contato comigo e saber como e / ou para onde (no caso de envio pelo correio) enviar material. Isso vale também para as bandas do interior, que estão presentes no Prêmio Rock BA. Acreditem no Rock Loco. Meu interesse é simplesmente trabalhar. Pela cena e por mim mesmo, por que não? Afinal, meu trabalho é minha vida, assim como a de qualquer um de vocês. Se eu não o fizer direito, o que vai sobrar para as pessoas se lembrarem quando não estiver mais por aqui? Quase nada. Um 2006 bala para todo mundo, inclusive o(s) desorientado(s) anônimo(s) que ficam avacalhando o bom nome deste blog nos comments. Tem ressentimento, não, maluco(s). Muita saúde, trabalho, paz e dinheiro no bolso. O resto é nenhuma. Sejamos felizes.

FINATTI MANDOU UM RECADO - Chegou direitinho lá em casa a pacoteira com os três CDs do selo Mondo 77 que ganhei na coluna Zap n' Roll, do Humberto Finatti, o polêmico e bacana jornalista da revista Dynamite. Logo no início de janeiro, postarei resenhas para cada um dos CDs que recebi (Walverdes, Banzé! e The Violentures), os três bem bacanas e com estilos bem diversos uns dos outros, o que é ótimo. Em breve. Em email trocado comigo, Finatti reclamou que tem "muita gente maldosa que não acredita em nosso trabalho e acha que não sorteamos os prêmios nada, ou que inventamos os nomes dos ganhadores". Não é verdade, galera, podem escrever pro rapaz que o trabalho dele é honesto, na boa.

E GABRIELA ALMEIDA TAMBÉM - O programa Hora do Rock, transmitido pela Globo FM, agora sob o comando da jornalista indie rocker Gabriela Almeida está mandando ver bonito toda semana com uma aula de rock. Se liguem no que vai rolar amanhã, 29 de dezembro. Fala, Gabriela: "O último programa Hora do Rock do ano apresenta algumas das bandas de rock indicadas ao Grammy 2006. Vai rolar Arcade Fire, Neil Young, Eric Clapton, White Stripes, The Killers, Franz Ferdinand, Coldplay, Beck e Rolling Stones com os discos novos, Brian Wilson e Bob Dylan. 21h na Globo FM (90,1) ou www.gfm.com.br. Pra quem está no horário de verão, o programa começa às 22h. Hora do Rock no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=6910684. ".

RETORNO ESMERALDA - Chegou nas bancas essa semana o primeiro número da minissérie Lanterna Verde - O Retorno, que mostra como Hal Jordan, o maior e melhor Lanterna Verde de todos os tempos retornou dos mortos no Universo DC. Já li, e o roteiro de Geoff Johns, ainda que interessante e intrigante, ainda não decolou. Mas consegue manter o interesse pelo próximo número. Ethan Van Sciver, excelente desenhista (com estilo hachurado, similar ao do lendário Brian Bolland, de Camelot 3000) com passagem pelos New X-Men de Grant (Deus) Morrisson dá o show de sempre. Boa leitura para o recesso de fim de ano.

É ISSO, GALERA. ATÉ ANO QUE VEM E KEEP ON ROCKIN (LOCO).

quarta-feira, dezembro 21, 2005

MEU AMOR AMARRADO NAS COSTAS / MEU AMOR AMARRADO NO CORPO / E SEU GOSTO É UM TRAVO NA LÍNGUA

Eram favas contadas. Quem não sabia que o disco de estréia de Ronei Jorge e Os Ladrões Bicicleta seria um grande disco? Danem-se os detratores, os invejosos, os recalcados e os burros. Danem-se se vou, mais uma vez aqui, parecer um parvo deslumbrado. A verdade pura, simples e incontestável é que Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta, o CD, já cravou seu lugar entre os melhores álbuns do rock baiano de todos os tempos. Ainda que, com sua poesia febril e sua banda afiadíssima (Maurício Pedrão, Edson Rosa e Sérgio Kopinski), treinada nos porões do jazz-rock-samba, Ronei transcenda sua arte para muito além do mero rock para adolescente bater cabeça. Ronei e Os Ladrões estão muito, mas muito distantes mesmo do rock pra garotada plugada nos emocores da vida. Com este CD, ele expande os limites do rock em direção à MPB de forma irretocável, bela e pungente. E esqueça os Los Hermanos, não tem nada a ver essa comparação, já caída por terra. Tem um ditado muito antigo que diz que "Deus está nos detalhes". Na forma como os nervos da folha de uma planta são perfeita e simetricamente desenhados. Na forma como as cores explodem no céu ao por do sol. Nos desenhos intrincados dos flocos de neve, bilhões caindo ao mesmo tempo e cada um diferente do outro. Homem inteligente, Ronei sabe que a melhor poesia é como Deus: se encontra nos detalhes. Detalhes que geram belas imagens, como em "Noite quente e a gente a se perguntar / noite brava, nada apavora / meu juízo mais do que você / que tem me mostrado os dentes" (Noite). Ou como em "Pai, mãe, lá fora o sol é radiante / e meu vestido esvoaçante / tem um corte" (Circo, saborosamente subvertida e quase irreconhecível daquela versão doce e com flautas da Penélope, que também era muito legal, diga-se). Não admira que a cantora Maria Alcina, hoje cult após ter gravado um disco com o grupo tecno paulista Bojo, ter se decidido em regravar O drama (segundo Luciano Matos), que entrega ao ouvinte versos tão belos quanto tristes como "Você insistiu / em castigar / e tornar vil / qualquer despertar de amor / e enfim / vai deixar a dor pra mim". Na faixa seguinte, Coragem, uma de minhas preferidas, Ronei canta em fantástico dueto com Jussara Silveira e deixa quem esperava um simples disco de rock de queixo caído com a classe e a sofisticação do arranjo jazzy aliado à belíssima voz sexy da cantora baiana em contraste com o tom mais viril empregado pelo band leader. Eu não sou músico, mas desconfio que a produção da puta véia Luiz Brasil (que só tocou com duas pessoas, Deus e o mundo), também teve papel fundamental no êxito absoluto que é a gravação deste disco histórico desde já. Junto com o Vivendo em grande estilo do Cascadura e o Ativar Retrofoguetes!, dos próprios, o CD de Ronei forma uma santíssima trindade para quem quer ouvir o que há de melhor e mais recente no rock baiano. Sim, eles são todos putas véias, na ativa desde a década passada, e a garotada que só reclama vai ter que trabalhar para chegar ao nível deles. Isso para não falar de Pitty, que já conquistou seu espaço no próprio mainstream. Cabe aos jovens agora mostrar que não é só a geração oriunda dos anos 90 que bota o rock BA pra frente. Ronei, Fábio e os Retros podem até não ganhar dinheiro (como Pitty), mas estão fazendo seus caminhos com muitos méritos e já têm lugar assegurado na história da nossa música (ou do nosso rock, sei lá). Na verdade, já o tinham até antes desses discos. Então é hora de parar de reclamar da vida nos comments e arregaçar as mangas. Sem desafio, não há avanço, só retrocesso. E o mainstream da música baiana é a prova cabal disso. Ronei e Os Ladrões estabeleceram um novo - e alto - padrão a ser alcançado. Quem se habilita?

segunda-feira, dezembro 19, 2005

THERE'S MORE TO LIFE THAN BOOKS, YOU KNOW, BUT NOT MUCH MORE

Quem foi nesse show do Wry sábado passado no Miss Modular - e por acaso - esteve também no show de 4 anos atrás no Anexo com a brincando de deus - grande night - deve ter percebido a diferença que fez para a banda paulista os últimos anos auto-exilados em Londres. No palco, o Wry se mostrou uma banda preparada para encarar qualquer festival daqueles que faz a alegria dos britânicos de bom gosto musical durante o verão. Com um vocalista (Mário Bross) carismático, bom frontman, um guitarrista (Lu Marcelo) e um baixista (Chokito) competentes e um baterista (Renato Bizar) simplesmente monstruoso - ainda mais amadurecidos pela ralação intensa no exterior, o Wry simplesmente botou a casa abaixo. OK, eu estava , digamos, um tanto entusiasmado - após trocentas latas de cerveja, com a performance fodona deles e posso estar exagerando aqui, mas salvo engano, o Wry fez um dos shows (de banda visitante) do ano em Salvador. O som estava avassalador, absurdamente alto, o que por vezes fazia tudo ficar meio embolado, não permitindo a quem estava a platéia sacar nuances de arranjos e letras, sutilezas, peculiaridades - ainda que o Wry não me pareça banda muito chegada em filigranas sonoras - mas enfim. A impressão que deu é que o som ficou pequeno pra potência do esporro da banda paulista. Não apenas o som, mas o próprio ambiente. Parecia que a pressão do volume faria as paredes da pequena sala de shows do Miss Modular explodirem a qualquer momento. Esse foi o ponto fraco do show pra mim. Mas a resposta do público foi tão calorosa logo de cara na primeira música, que Mário Bross ficou visivelmente estusiasmado, sendo simpático com a galera e cantando com entrega, ainda que mais contido - menos exagerado, na verdade - do que no show de anos atrás. Enquanto isso, Renato Bizar segue um show a parte: tocando de sunga, provavelmente para não suar em bicas na roupa toda, o homem alto do Wry espanca as peles com fúria, precisão e uma qualidade de espetáculo gráfico única, só dele, capaz de hipnotizar espectadores mais sugestionáveis. Difícil não se admirar com sua performance. Mais cool, Lu Marcelo e o baixista Chokito fornecem a cama arrumadinha beleza para o vocalista e o batera deitarem e rolarem. Huh, cada um do seu lado, claro. As músicas novas, do disco Flames in the head, gravado em Londres com o cara do Ash etc, parecem muito superiores às antigas, do disco Heart experience, lembrando - e isso é um chute - algo na praia de um Strokes, de rock moderno anos 00 mesmo. Detalhes e músicas específicos me escapam devido ao lamentável estado etílico em que me encontrava durante o show. Se você que está lendo isso aqui estava lá e eu por acaso pisei no seu pé, ou esbarrei em você, ou te derramei cerveja, bom... foi mal aê. É o rock. Até importunar a namorada inglesa do Bizar que estava na banquinha de produtos do Wry (cds, singles em vinil, adesivos e camisetas) eu importunei. Perguntei, apontando pro compacto: "How much"? Ela respondeu, mostrando as duas mãos abertas: "Ten"! Depois de tropegamente contar meus relutantes (em sair da carteira) caraminguás, respondi: "I've got eight". "Sorry, it's ten", cortou a súdita da Rainha Elizabeth. "C'mon, eight, OK"?, eu insisti. Mas não teve jeito, a danada não me vendeu o tal do compacto, que coisa. Se fosse brasileiro fazia até por seis e um vale transporte ou uma ficha de cerveja. Gringo é outra coisa. Saldo da night: um zumbido infernal nos ouvidos, dor de cabeça, alma lavada e a certeza de que foi mais uma grande night do Wry em Salvador. Só espero que eles não demorem mais quatro anos para voltar.

E aí, tá deslumbrado o bastante pra vocês? Porque eu posso aumentar ainda mais.

VAI OUVIR JINGOBÉU E VAI SE LEMBRAR - Recado urgente de Fábio Cascadura. Fala, maluco!

Depois de uma longa data o Cascadura faz única apresentação no Café Calypso (nosso Cavern Club). Na noite de natal, dia 24/12. Depois da ceia todos estão convidados para uma festa com muito rock e diversão garantida, a noite ainda vai ter a discotecagem do dj claus.
Vai rolar: show do Cascadura.
Quando? Dia 24/12 (na noite de natal)
Onde? Café Calypso (rio vermelho, travessa da prudente de moraes)
Q horas? 23:59h.
Quanto? 8 Reais
Cerveja: 2 Reais

quarta-feira, dezembro 14, 2005

BRAINS! BRAINS! BRAINS! BRAINS!

George Romero não dá ponto sem nó. Em Terra dos Mortos (Land of the dead), quarto filme de sua série sobre zumbis iniciada em 1968 com A Noite dos mortos vivos, logo nos damos conta que os verdadeiros vilões do filme não são os comedores de cérebro. Os vilões somos nós, os "vivos". Na Nova Iorque pós-apocalíptica do filme, os vivos são divididos em duas castas: os pobres, que vivem como podem num gueto miserável, e os ricos, que se refestelam num complexo dominado por um arranha-céu, com shopping center e belos apartamentos para quem pode pagar. Kaufman (vivido por Dennis Hopper, deliciosamente canastrão como sempre), o dono do pedaço, controla com mão de ferro quem entra e sai do complexo de acordo com seus próprios interesses. Lá fora, os zumbis zanzam para lá e para cá, muitos tentando executar as tarefas que desempenhavam quando vivos. O que Kaufman nem desconfia é que, como tudo na vida (huh, nesse caso, como tudo na "morte"), os zumbis começaram a evoluir, desenvolvendo raciocínios básicos. Essa evolução é simbolizada no personagem Big Daddy, um zumbi que em vida era funcionário de posto de gasolina. A cada massacre das criaturas errantes promovido pela milícia de Kaufman, vemos a dor e a raiva crescendo na expressão apavorante no rosto de Big Daddy, que urra dolorosamente. Comandante natural, Big Daddy lidera a horda de zumbis numa marcha inexorável em direção ao complexo de Kaufman, disposto a ter sua vingança. Dois momentos chave no filme sintetizam a pequena fábula anti globalização de Romero. A primeira é quando, no meio da marcha, os zumbis liderados por Big Daddy se vêem diante de um rio, última barreira para alcançar o complexo. Após "pensar" um instante, o líder pula no rio e simplesmente caminha por baixo d'água até o outro lado, seguido pela horda de zumbis. O segundo momento é quando, chegando ao complexo, os humanos soltam fogos de artifício, expediente que eles usavam quando queriam distrair os monstrengos. Só que, desta vez, após um breve momento contemplando o céu, os zumbis voltam novamente sua atenção ao seu objetivo: carne humana, e desta vez, de forma muito mais furiosa. Confesso que quase chorei nesse momento, com a metáfora dos fogos de artifício. Ah, George Romero, se todos os diretores de filmes de terror fossem iguais a você... O elenco é ótimo, e além do velho Hopper, temos John Leguizamo (esse é sempre fantástico, sou fã), a sexy Asia Argento (filha do diretor italiano Dario Argento, seguidor e parceiro de Romero) e o desconhecido Eugene Clark, excelente no papel de Big Daddy. O DVD que foi para as locadoras está cheinho de extras, making of etc. Destaque para um pequeno documentário sobre a participação dos ingleses Simon Pegg e Edgard Wright, respectivamente ator e diretor do maravilhoso Todo mundo quase morto (Shaun of the dead), brilhante homenagem a Romero e o gênero que ele criou. Shaun of the dead foi devidamente resenhado por mim mesmo, aqui. Alugue (ambos) ontem.

SATURDAY NIGHT'S ALRIGHT FOR FIGHTIN' - Big Beats com WRY (SP) djs: Ramon Prates, Messiah e Mario Bross Dia: 17/12 (Sábado) Horário: 22h as 04h Local: Miss Modular (Morro da Paciência - Rio Vermelho tel. 3235-4950) Ingresso: R$ 10,00

SOON - Resenha do ótimo CD de Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta, resenha do show do Wry no Miss Modular e uma fantástica entrevista exclusiva com Fábio Cascadura (sério, porra!). Wry nessa, malandro!

segunda-feira, dezembro 12, 2005

MEU CASSETETE PESA UMA TONELADA

Mais um show da Nação Zumbi na Concha (lotada, graças ao ingresso a preço camarada), mais um show de competência e profissionalismo no palco. Desta vez, contudo, profissionalismo até demais, viu?!? Lançando o novo álbum Futura, e escaldados pelo fiasco do Claro que é Rock no Rio de Janeiro, a banda de Jorge du Peixe e do guitar hero Lúcio Maia levantou a galera logo que no entrou em cena, apresentando músicas novas. Também, depois da chatíssima banda colombiana Curupira, que se apresentou logo antes, até aquele homem banda belga maleta que anda aqui em Salvador levantaria o povão. OK, é sempre bom ver a Nação Zumbi, que fez alguns dos melhores shows que eu já vi em minha vida. Mas eles já foram mais punks, mais "sanguinários" no palco. Não que o show tenha sido ruim, longe disso, mas também não foi nada memorável. Pelo menos até a última música, quando... calma, eu chego lá. Me parece que os climas cada vez mais experimentais - e dub e reggae - dos últimos discos da Nação estão se insinuando cada vez mais nas apresentações ao vivo, tirando um pouco da garra que lhe fez a fama. Até que ponto as experimentações em estúdio podem influir nas apresentações em show? Bom, como não sou músico, apenas um jornalista que gosta de música - e de escrever sobre -, deixo a resposta para quem de direito. As músicas novas parecem legais, mas a pouca familiaridade do grande público com as mesmas quebraram o ritmo do show diversas vezes, coisa que pode melhorar com o tempo, se a divulgação do disco ajudar, claro. Foi aquela coisa: eles tocavam um hit, o povo aplaudia, ia à loucura. Eles tocavam uma música nova, o povo ouvia dançando devagarinho, sem muita reação. Várias músicas antigas tiveram seus arranjos modificados, geralmente puxando-as para trás, mais lentas, quase reggae mesmo. Foi assim com Manguetown (que ficou legal) e Risoflora. Esta última, aliás, ficou quase épica, de tão longa. Ia tudo bem, quando, depois de encerrarem o show e voltarem, na última música, um rastinha gaiato subiu no palco para abraçar Jorge du Peixe. Os seguranças, com toda a delicadeza que lhes é peculiar, arrastaram o cara e desceram o braço nele, ainda no palco. Pronto. Instalou-se a confusão. A Concha urrou em protesto. O cara se debatia, o público do gargarejo reagiu e quase dá uma merda de verdade. Jorge e Lúcio começaram a gritar no microfone para parar a briga. Ânimos arrefecidos, Jorge traz o tal rasta ao microfone. "Não precisa bater, pô! O cara só subiu no palco pra falar comigo, são coisas que acontecem em show mesmo, é o som que faz essas coisas acontecerem", disse. A galera aplaude e o rasta toma a palavra: "Isso é só mais uma prova de que na Bahia não existe democracia racial!". A Concha urra novamente. Ele falou mais algumas coisas lá, mas eu num lembro mais. Teve gente do meu lado que gostou do mangue(town), dado o drive até então sonolento da apresentação: "Porra! Até que enfim aconteceu alguma coisa nesse show!". Sábias palavras...

PS: o tal rasta me lembrou muito um ativista político profissional que era aluno da Faculdade de Administração da UFBA nos anos 90, Bonfim, e que andava muito pela (Cantina da) Facom, festeiro que ele só. Como eu tava meio longe do palco, não deu para ter certeza, mas que me lembrou muito aquele cara, lembrou. Se alguém puder tirar essa dúvida, agradeço.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

QUEM AQUI, COMO EU, TEM A IDADE DE CRISTO, QUANDO MORREU?

(Como eu? Eu hein?!? Lá ele!)

Era minha última chance de usar essa frase. Domingo, 11, faço 34. Aos amigos, esse sagitariano sem vergonha avisa que receberá os cumprimentos, beijos, abraços, safanões e xingamentos no show da Nação Zumbi, na Concha. Mais tarde, tô pensando em esticar na Soul Sundays do Miss Modular, caso eu ainda esteja inteiro (show da Nação Zumbi é sempre punk, eu saio acabado - e de alma lavada). Fica o aviso pros brothers and sisters.

Então, vamos rápido, para algumas poucas e espero, boas, curtas, que o rock não espera ninguém, não....

HOT WEEK - Rapazes e moças, aproveitem, que essa, sem dúvida, deve ser uma das semanas mais quentes do rock em Salvador esse ano. Senão, vejamos: na quinta, o sempre necessário Cascadura mata saudades da galera com show imperdível no Miss Modular. Pula pro sábado, tem o Natal dos Retrofoguetes - mesma bat hora, mesmo bat local - compre seu ingresso por R$ 15,00 e leve um maravilhoso compacto de vinil colorido com as mais belas canções do repertório natalino, interpretadas pela melhor banda de surf music da face da história da terra (Alô Rex e Morotó! Se vcs não guardarem o meu vão se ver comigo, hein!?! ;-)). Entre elas, uma com a participação de Jorginho King Kobra no vocal (uma música do obscuro soulman brasileiro Orlandivo, se não me engano), que é simplesmente, de rolar de rir. Coisa fina, tomara que tenha participação dele no show também. Aí, no domingo, meu irmão, o negócio não também vai ser mole, não: Nação Zumbi, a melhor banda ao vivo do rock brasileiro, na Concha Acústica, dentro da programação do Mercado Cultural. Se ainda sobrar energia, recomendo dar uma passada no onipresente Miss Modular para conferir as Soul Sundays, matinê de black music que promete ser um dos points cativos do verão 2005/06. Ufa! O próximo! (No próximo, como já sabemos, tem a banda brit-paulistana Wry. Mais sobre isso, mais adiante, oquei?).

SELVÍÇIO:

Conceição Hard com as bandas Radiola e Cascadura. 22h. R$10,00 Quinta, 08.12

Natal dos Retrofoguetes. 22h. R$ 15,00 com direito a um disco (vinil). Sábado, 10.12

Soul Sundays. 18h. Entrada: R$ 10,00 (R$ 5,00 até às 19h). Nesse domingo a caipirinha é dupla. Informações: http://soulsundays.blogspot.com. Domingo, 11.12.

ADEUS, AL SIMMONS - Depois de 150 edições, a edição brasileira da revista Spawn será cancelada pela Editora Abril. Spawn, que quando surgiu, era uma boa novidade num mercado estagnado criativamente, com o tempo acabou se estagnando também e parecendo uma novela das oito: você pode ficar sem assistir (ler, no caso da revista) durante vários capítulos, que quando você voltar, as coisas continuam as mesmas. Nada acontecia. Ainda colecionei até o número 60, acho, mas cansei, por causa disso. A (pós)vida de Al Simmons, o mercenário que, depois de traído e assassinado pelos próprios colegas, volta do inferno como um soldado das profundezas para lutar numa guerra Céu X Inferno que nunca se resolvia, era um puta tédio. Apesar de tudo, a revista tinha um visual muito bacana (típico das revistas da primeira geração da Image), mas não ia muito além disso. O resultado, após um filme (razoável), duas séries de desenho animado pela HBO (muito bons) e 150 números, é esse: queda nas vendas, cancelamento do título no Brasil. Todd McFarlane merece. Devia ter continuado na Marvel, desenhando Homem Aranha, que é o que ele fez de melhor. Sérgio Figueiredo, redator chefe dos quadrinhos da Abril, deu a notícia com exclusividade ao site Herói, aqui. A edição 150, a última no Brasil, sai agora em dezembro. Depois disso, só importando ou caçando nos sebos.

LOCADORA DOS MORTOS - Terra dos Mortos, novo - e desesperadamente esperado - filme de zumbis de George Romero, o pai da matéria, chegando essa semana nas locadoras. Trata-se da quarta parte da - até então - trilogia iniciada em 1968 com A Noite dos Mortos Vivos e suas seqüências Amanhecer dos Mortos (1978) e Dia dos Mortos (1985). O último a assistir é um zumbi putrefato comedor de cérebro. Rumores dão como quase certa mais duas seqüências dirigidas por Romero, fechando duas trilogias. Pelo menos, é o que o próprio Romero tá a fim de fazer. O que seria maravilhoso. Pelo menos para o maníaco por zumbis aqui.

E SEMANA QUE VEM - Quem Wry?