segunda-feira, outubro 06, 2008

SALVADOR GANHA SEU HERÓI

Flávio Luiz cria o mais soteropolitano dos heróis: Aú, um capoeirista do Pelourinho que é a cara do bom baiano: hospitaleiro, cheio de ginga e pronto para qualquer parada

A idéia é tão boa e tão simples, que é até estranho que ninguém tenha pensado nisso antes: um herói de histórias em quadrinhos tipicamente baiano, capoeirista. Este é Aú, o personagem criado pelo quadrinista e cartunista – baiano, claro – Flávio Luiz, que lança amanhã, em um evento na Aliança Francesa, o primeiro álbum de aventuras do personagem: Aú, o capoeirista.

Aventureiro, hospitaleiro, bondoso e cheio de ginga, Aú meio que sintetiza algumas das qualidades do “bom baiano“, além de trazer para as quatro cores todas as influências que guiam o seu criador. Fanático por quadrinhos, Flávio Luiz se inspirou, pelo menos na forma, nos heróis das bande desinèes (as HQs franco-belgas), como Tintin e Spirou.

“Para mim, o Aú existe em algum lugar por aí. Eu o criei como um adolescente baiano comum de 16 anos, que é negro e mora no Pelourinho. Como nas HQs européias, onde os personagens são mais reais e poderiam ser seus vizinhos“, conta o artista.

Dono de um traço limpo, dinâmico e cheio de movimento, Flávio sempre foi fã de HQs de aventuras leves, bem humoradas e de traços cartunescos, que podem ser lidas por pessoas de qualquer idade. E seu Aú é exatamente isso: uma aventura passada na Salvador atual (mais limpa, na verdade), com os momentos cômicos se alternando com movimentadas seqüências che- ias de ação e correria.

“confusioni“– Tudo começa quando o milionário Armando Confusioni ameaça dona Do Carmo, dona do sobrado no Pelourinho onde funciona a escola de capoeira onde Aú pratica, a vender o imóvel, que ele pretende usar como fachada para seus negócios escusos.

Do Carmo recusa as insistentes ofertas do ricaço, que não se conforma. Confusioni manda seus capangas incendiarem o sobrado, mas uma turista francesa, amiga do capoeirista, testemunha o ato e é seqüestrada pelos criminosos. Obviamente, isso é um trabalho para o super Aú.

Uma primorosa edição para começar bem

Apesar do preço um pouco elevado, é verdade, o álbum do Aú vale o quanto pesa. A edição, viabilizada graças a recursos captados pela Lei Rouanet, é primorosa: em capa dura, formatão europeu e papel cuchê de alta gramatura.

O capricho se completa com a pesquisa fotográfica que Flávio fez para retratar fiel e detalhadamente os vários pontos da Salvador atual onde a história se passa.

“Tive que fazer muita pesquisa fotográfica. Rodei a cidade toda“, conta Flávio. “Mas não esperem nenhum panfleto turístico, político nem nada disso. É apenas entretenimento, com uma pequena lição de moral“, avisa.

A Salvador idealizada que aparece na HQ reflete como o artista gostaria que a cidade fosse: “É Salvador hoje e ao mesmo tempo, é a Salvador que eu gostaria de ver, mais limpa, com mais opções, não só essa obsessão pelo Carnaval. A gente fala sempre ‘olha como somos bonitos‘ e tal, mas nós mesmos não cuidamos da cidade“, observa.

Além dos quadrinhos europeus, uma outra influência do artista para criar seu personagem são os super-heróis negros da década de 70. “Adorava as aventuras de heróis como Luke Cage - O Herói de Aluguel, da Marvel e o Raio Negro, da DC. São personagens icônicos, e como eles eram negros, sempre tinha um elemento mais real e urbano em suas histórias“, diz Flávio.

Cheio de planos, Flávio já delineia novas aventuras para Aú: “Se tudo der certo, vamos lançar um álbum por ano. No segundo, ele vai para o Litoral Norte, no terceiro, para Chapada Diamantina e assim por diante“. De olho no mercado europeu, Flávio e Aú estão apenas decolando. Que seja um vôo bem alto.

Aú, o capoeirista
Flávio Luiz
Papel A2
48 p. | R$ 48
www.auocapoeirista.com.br

Aú, o capoeirista | Lançamento do álbum: amanhã, às 19h30 | Exposição e venda de originais assinados e numerados e apresentação de roda de capoeira mirim com Mestre Balão Aliança Francesa (3336-7599) | Av. Sete de Setembro, 401, Ladeira da Barra | Entrada gratuita

Bate-papo com Flávio Luiz, Rezende (cartunista) e Lica de Souza (produtora cultural) | 11 de outubro, 10 horas | Livraria LDM (2101-8007) | Rua Direita da Piedade, 20 | Entrada gratuita

3 comentários:

Franchico disse...

Macacos garçons

Um bar na cidade de Utsunomiya, no Japão, tem como sua atração principal seus garçons: dois macacos.

http://noticias.uol.com.br/empregos/ultnot/bbc/ult3283u11.jhtm

Num sei não, mas se esse macacos vêm para Salvador, iam deixar muito garçom de bar de bacana no chinelo...

Anônimo disse...

porra ninhuma o verdadeiro superheroi baiano é morotó slim

glauberovsky disse...

morotó slim tem o poder da guitarra baiana!

GLAUBEROVSKY