quarta-feira, novembro 25, 2009

RODADA DE LANÇAMENTOS NA QUINTA: ELIPÊ E RICARDO PRIMATA



Apesar de todas as dificuldades, 2009 tem sido um bom ano para o rock baiano. Houve ótimos discos de veteranos (Ronei Jorge, Retrofoguetes), mas também de bandas mais novas, como a Elipê, que, aos cinco anos de atividades, lança amanhã seu segundo CD, Indústria da Felicidade Humana, com um show no Teatro Acbeu.

Produzido por andré t. (à essa altura, já uma griffe no rock local), o álbum deixa clara uma certa evolução nas composições e arranjos da banda desde seu primeiro álbum, A Tela (2007).

A começar pela sonoridade bem contemporânea, mais próxima ao rock brasileiro mainstream, com evidentes influências de Los Hermanos e Pitty.

“São artistas talentosíssimos, é ótimo ser comparado à eles“, diz Mateus Lopes (guitarra e violino). “Mas, conscientemente, eu só assumiria a influência dos Los Hermanos. Eles revolucionaram a forma de fazer música no Brasil ao abrir novos caminhos para as pessoas que fazem rock, mas também tem influências de MPB“, acrescenta.

“De Pitty, admito que tem semelhanças na sonoridade. Mas eu tenho uma influência forte de MPB e poetas brasileiros, gosto de Mário Quintana, Cazuza, Renato Russo e Arnaldo Antunes é meu ídolo. Mas, na hora que isso cai para o estúdio, a (nossa) linha é rock. Aí pode haver semelhanças na parte musical, até por que essa é a parte do trabalho dela que eu admiro muito“, reflete Mateus.

Certamente, contribuiu para isso a experiência recente do produtor como engenheiro de som no CD mais recente da cantora, Chiaroscuro.

Essencialmente romântico e singelo, o CD novo da Elipê tem um quê melancólico que se reflete muito nas letras, quase sempre focadas em relacionamentos.

“Pelo próprio conceito da Indústria da Felicidade Humana, tentamos colocar no repertório musicas que refletissem diversos estados de espírito. Aí termina com uma faixa alegre (Musiquinha Idiota), senão ficaria sem sentido“, explica o músico.

Essa última faixa, aliás, é quase um We Are The World do rock baiano. Reúne os cantores Enio (Enio & A Maloca), Theo Filho (Irmãos da Bailarina), Fábio Cascadura, Danny Nascimento (Lou), Laís Souza (Autoreverso), Roberta Simões (Aguarraz) e Pietro Leal (Pirigulino Babilake). No show, todos já confirmaram presença. Além de Mateus, a Elipê conta com Paula Noyb (vocal), Thiago Colares (guitarra), Didhio (baixo) e Dudu Lopes (vocal e bateria).

Lançamento do CD Indústria da Felicidade Humana / Elipê / Amanhã, 20h30 / Teatro Acbeu (Corredor da Vitória. Tel.: 3444-4423) R$ 20

UM ESPELHO PARA RICARDO

Oriundo do cenário heavy metal baiano, o guitarrista virtuoso Ricardo Primata lança Espelho da Alma, seu primeiro CD solo cheio (com doze faixas) com um workshow amanhã, na loja mídialouca, com entrada gratuita.

Professor requisitado – tem aluno em fila de espera! – Primata ainda deve ser o músico mais procurado pelas empresas ligadas ao universo da guitarra para figurar como endorser (algo entre garoto-propaganda e representante para os eventos da indústria da música). Atualmente, ele tem nada menos que oito contratos, entre fábricas de guitarra, pedais, cordas, cases etc.

Por conta disso, viaja pelo Brasil e interior da Bahia fazendo workshows e workshops. Em 2010, espera chegar ao exterior.

Bule Bule e Armandinho

Em Espelho da Alma, Primata refinou suas influências, temperando seu rock / metal progressivo com ritmos brasileiros, especialmente o baião.

Na faixa Repentes, contou com a participação de duas lendas baianas: o repentista Bule Bule e o guitarrista Armandinho. “Foi uma honra ter esses dois no meu disco. Bule Bule é um senhor de 62 anos, e o tanto de vida que ele exala... É um cara super alto astral, aprendi muito com ele. E Armandinho é um ídolo, não precisa nem falar“, diz.

Workshow de lançamento do CD Espelho da Alma / Amanhã, 20 horas / MídiaLouca (Rua Fonte do Boi, Rio Vermelho) / Entrada Franca
Workshop de guitarra / Sábado, 11 horas / Loja Toque Musical (3378-9723) / Entrada Franca

terça-feira, novembro 24, 2009

NOITE DE SKA NO PELÔ



O esforço inesperado e praticamente sobrehumano a que foi submetido o público interessado na Noite das Orquestras no Pelourinho, na última sexta-feira, foi recompensado com uma sequência magnífica de shows da Orkestra Rumpilezz, Ska Maria Pastora e Orquestra Brasileira de Música Jamaicana.

Explica-se: realizada no mesmo dia em que as justas comemorações pelo Dia da Consciência Negra agitaram – e muvucaram geral – toda a região central da cidade, a jornada para chegar ao Pelourinho foi algo digno de Jasão & Os Argonautas. Até o telefone celular do repórter foi habilmente surrupiado no meio da multidão que se comprimia alegremente pelas ruas do Pelô.

O lado bom é que o esforço valeu – e muito – a pena. A festa de encerramento do projeto Novembro - Música em Todos os Ouvidos, da Diretoria de Música da Fundação Cultural do Estado, começou por volta das 21 horas.

Coube a anfitriã Orkestra Rumpilezz abrir a noite, levando seu som originalíssimo – mistura do jazz das big bands com percussão de candomblé – ao público que ia chegando e se esquentando na beira do palco com o elaborado suíngue que saía das caixas de som.

Impressionante conferir o monumento sonoro que é o som da Orkestra ao vivo. Um trabalho que, é o mesmo tempo, a cara da Bahia e totalmente universal.

Ska relax de Olinda

Após a troca de palco, vieram os olindenses do Ska Maria Pastora. Menor formação da noite, contavam só com três instrumentistas de sopro. Como quantidade não é qualidade, demonstraram inequívoca habilidade instrumental em um som de caráter praieiro, relaxado.

Na verdade, o ritmo das músicas parecia devagar até demais para uma banda que tem a palavra “ska“ no nome – eles estão mais para o reggae, mesmo. Mas trata-se, sem dúvida, de mais uma ótima novidade oriunda das bandas do Pernambuco.

Ska buliçoso de São Paulo

Atração mais esperada da noite, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana foi tudo o que se esperava: agitada e brilhante.

Comandada no palco pelo guitarrista e vocalista Sérgio Sofiatti, desfiou um repertório de clássicos da música brasileira no ritmo acelerado do ska, transformando a praça em um bailão para o povo que dançava enlouquecido ao som de Águas de Março, Trem das Onze, Carinhoso, O Guarani, Nanã e outras.

Tudo isso sem desrespeitar o espírito original das músicas e, ao mesmo tempo, mantendo o clima do ska tradicional. Até o “shikaboom“ ouvido nos clássicos dos Skatalites Sofiatti fazia com a boca. Espetacular.

sábado, novembro 21, 2009

AUTOBIOGRAFIA PÓSTUMA - E INVOLUNTÁRIA - DE UM BÊBADO GENIAL

Ex-editor reúne textos autoiográficos do Velho Buk em ordem cronológica



Muito admirado – e também muito imitado, mas jamais igualado – o americano / alemão Charles Bukowski (1920-1994) levou a figura do escritor marginal e beberrão ao paroxismo em obras como Mulheres, Fabulário Geral do Delírio Cotidiano, Notas de um velho safado e Factótum, entre vários outros.

No recém-lançado Bukowski - Textos autobiográficos (L&PM), os leitores já familiarizados com a extensa parte de sua obra já editada no Brasil encontrarão pouca coisa inédita.

O volumão – tem quase 500 páginas – é uma compilação de, como o título já entrega, textos que contam passagens de sua – difícil, alcóolica e, no fim das contas, longa e vitoriosa – vida.

Organizado de forma cronológica, o livro reúne trechos de mais de vinte livros, entre romances e volumes de contos e poemas.

Tudo começa com os textos do espetacular romance Misto quente, no qual exorciza sua infância miserável num subúrbio de Los Angeles, apanhando do pai tirano um dia sim e no outro também, sob o olhar impassível de uma mãe omissa – ou talvez covarde, que não se manifestava para não cair na porrada junto com o filho.

Para veteranos e neófitos

Compilado por John Martin, amigo de longa data e editor de Bukowski na Black Sparrow Press, editora independente que lançou boa parte de sua obra, o livro traz ainda uma quantidade incrível de poemas e trechos de livros como Cartas na rua, Hollywood, Ao sul de lugar nenhum e Numa fria, além dos já citados Mulheres e Factótum, entre outros.

Apesar de trazer pouca coisa inédita, o livro poderá agradar tanto aos leitores veteranos quanto aos neófitos, dado o seu inusitado caráter “autobiográfico involuntário“.

Lendo-o, fica patente que, mais do que um beberrão e fanfarrão sexista, Bukowski era na verdade um ser humano com uma profunda ternura pelo seu semelhante – desde que este não tocasse no seu copo, claro.

Impossível não rir e se emocionar com suas desventuras longa noite americana adentro.

BUKOWSKI - TEXTOS AUTOBIOGRÁFICOS / Charles Bukowski, John Martin (Org.) / Tradução: Pedro Gonzaga e Marcos Santarrita / 480 páginas / L&PM Editores / R$ 66

terça-feira, novembro 17, 2009

UMA ATRAÇÃO A CADA ESQUINA

Música e artes cênicas invadem a Av. Manoel Dias da Silva no evento-manifesto Hoje é Dia de Esquina!



No início da noite de hoje, um evento inesperado e de contornos inéditos promete agitar, durante uma hora e meia, dez esquinas da Avenida Manoel Dias da Silva, na Pituba. É o manifesto Hoje É Dia de Esquina! Para Humanizar a Cidade, que levará dez manifestações artísticas para as ruas do agitado bairro.

Idealizado pelos produtores Cássia Cardoso e Roger Ribeiro, o evento é inspirado numa iniciativa que o irmão de Roger, o multiartista Freddy Ribeiro, tocava no Rio de Janeiro, no agito do Baixo Leblon.

“Tinha esse espetáculo no Rio, que chamava Bonitos & Paranóicos, de Freddy Ribeiro com a banda qinho e os caras (grafado dessa forma). Eles se apresentavam toda terça-feira numa esquina do Baixo Leblon“, conta a produtora.

“Um certo dia de fevereiro de 2008, depois de algum tempo fazendo isso, um monte de artista teve a iniciativa de se juntar e fazer um movimento chamado Hoje é Dia de Rua!, que ia do Leblon até Ipanema. A cada esquina tinha uma atração diferente, isso durante duas horas“, continua.

“Adoramos a ideia. Aí, conversando com o irmão de Freddy, Roger, resolvemos adaptar o evento para Salvador“, acrescenta Cássia.

Diversidade musical

Em Salvador, o evento vai funcionar da seguinte maneira: a partir das 19 horas, todas as esquinas da Avenida Manoel Dias da Silva entre as ruas Bahia e Piauí receberão uma atração cada, que se apresentarão no passeio, em um espaço delimitado por refletores no chão.

O evento em todas as esquinas durará precisamente uma hora e meia, encerrando-se às 20h30. Moradores, motoristas e passantes testemunharão, nesse decurso de tempo, atrações de qualidade comprovada de música, teatro e circo.

Na música, a diversidade dá as cartas. Haverá o pop rock consagrado das bandas Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta, Retrofoguetes, Anacê e Banda de Rock. O samba do Recôncavo marca presença com o grupo Barlavento, assim como o jazz instrumental de Luizinho Assis, o hip hop do DJ Bandido (com intervenções do grafiteiro Denissena) e a MPB da cantora Simone Mota.

Teatro, circo e manifesto

Quem preferir teatro poderá assistir à Saga de Soraia, peça que será apresentada pelos premiados atores Aícha Marques e André Tavares. Pocket-play inspirada em antigos desenhos animados, conta a história da personagem-título, uma jovem nascida no subúrbio ferroviário que sonha em morar na Pituba.

Já a trupe de circo Malabares & Cia, especializado em apresentações de rua, promete trazer para a sua esquina o fascínio circense, lançando mão de vários tipos de performances.

Com essa movimentação toda, Cássia e Roger pretendem chamar a atenção do público para a necessidade de se ocupar as ruas de forma consciente e respeitosa. “Somos educadores e lidamos com cidadania e adolescentes e percebemos que, hoje em dia, os espaços públicos são tomados de uma forma que não beneficia o público“, avalia.

No evento será distribuído o Manifesto Hoje É Dia de Esquina!, que toca em assuntos importantes como barracas de praia, pontos de ônibus, praças e poluição sonora – certamente, um dos problemas mais sérios da Salvador contemporânea.

SERVIÇO



O quê: Hoje É Dia de Esquina! Para Humanizar a Cidade

Quem: 10 performances artísticas em apresentação simultânea:

1) Aicha Marques e André Tavares – Teatro
2) Anacê – Música
3) Banda de Rock – Música
4) Barlavento – Música
5) DJ Bandido e Denissena – Hip Hop e Grafite
6) Luizinho Assis – Música
7) Malabares & Cia – Grupo de Circo
8) Retrofoguetes – Música
9) Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta – Música
10) Simone Mota – Música

Quando: 17/11/2009 (terça-feira)

Horário: 19h00 às 20h30

Onde: Esquinas da Avenida Manoel Dias da Silva, entre as ruas Bahia e Piauí
Gratuito, aberto ao público, livremente nas ruas da cidade

http://diadeesquina.blogspot.com
http://twitter.com/diadeesquina

quinta-feira, novembro 12, 2009

Cariocas e africanos: novas cores nas HQs


Apesar de todo o avanço que as histórias em quadrinhos têm experimentado nas últimas décadas, aproximando-se cada vez da literatura e da linguagem adulta – deixando para trás a visão estreita de quem acha que são feitos apenas para crianças – ainda há poucas obras que dêem conta de questões “sérias“ como raça, miscigenação, racismo e mesmo da África enquanto continente, em oposição à visão colonialista da terra exótica, cheia de animais selvagens, tribos canibais, mistérios e perigos.

Essa lacuna vai aos poucos sendo preenchida com o lançamento de álbuns como os recém-chegados às livrarias Negrinha (Desiderata) e Aya de Yopougon (L&PM).

O primeiro, assinado por Jean-Christophe Camus (roteiro) e Olivier Tallec (arte), é em parte baseado na história da mãe e da avó de Camus, brasileiras que viviam no Rio de Janeiro do anos 50.

Já Aya de Yopougon, de Marguerite Abouet (roteiro) e Clément Oubrerie (arte), retrata a juventude da primeira, natural da Costa do Marfim, que vive em Paris já há algum tempo. No livro, Marguerite mostra um pouco da sua juventude no país situado na costa oeste do continente africano. O álbum da L&PM é o primeiro de uma série de quatro, a serem lançados posteriormente.

Ao seu modo, cada um deles oferece sua visão de negritude de acordo com o ambiente cultural e temporal em que as suas histórias se desenrolam: Negrinha, no Rio dos anos 50 e Aya, na Costa do Marfim, em 1979.

Jean-Christophe Camus, como ele mesmo diz na entrevista ao lado, fez Negrinha como parte de suas pesquisas sobre a sociedade brasileira, temas que lhe interessam pela ligação parental. Seu pai foi ninguém menos que o premiado cineasta francês Marcel Camus (1912-1982) , autor do clássico filme Orfeu do Carnaval (1960, Palma de Ouro em Cannes e Oscar de Melhor Filme Estrangeiro).

Fascinado pela cultura afro-brasileira, Marcel acabou gerando Jean-Christophe de sua união com a brasileira Lourdes de Oliveira. Em Negrinha, ele conta um pouco como era a vida de sua mãe, mulata, e sua avó, negra que trabalhava de doméstica naquele Rio de Janeiro idílico dos anos 50.

Com muito esforço, Olinda (personagem baseada na sua avó) conseguia criar Maria estudando na melhores escolas e frequentando aulas de balé entre o que restava da aristocracia carioca daquela época.

Ao desejar apenas o melhor para sua filha, Olinda a mantinha longe do Morro do Cantagalo (atual Pavão-Pavãozinho) onde nasceu. "Você não é uma negrinha; é morena, é quase branca", dizia Olinda para Maria.

Ainda assim, um dia, Maria conhece Toquinho, um menino do Cantagalo, vendendo amendoim na praia. Bom de samba, Toquinho encanta a menina, que tem pena de sua condição. Olinda, claro, faz de tudo para afastar os dois jovens.

Contudo, fica evidente o carinho do autor para com seus personagens. Mesmo Olinda, que poderia ser retratada como uma vilã, é na verdade, uma mulher pobre de boa alma, que todos os dias reza por todos os que conhece, incluindo o próprio Toquinho e Dona Ruth, a dondoca falida que ela acaba por acolher em seu próprio apartamento e ainda assim, a trata como empregada.

A arte de Olivier Tallec, baseada em fotos de família de Camus, do Rio dos anos 50 e de uma viagem que ele mesmo fez à cidade, é de encher os olhos: ensolarada, carregada de expressão.

Claro que não dá para exigir um tratado profundo sobre o preconceito racial no Brasil de uma dupla de quadrinistas franceses. Para se garantir, contudo, Camus consultou bastante Antonio Carlos Amâncio, um teórico do cinema, doutorado pela USP com uma tese sobre a representação do Brasil no cinema estrangeiro de ficção, como bem levantou Jotabê Medeiros, do jornal Estado de São Paulo.

Aya de Yopougon

Longe dos conflitos tribais, massacres e campos de refugiados que costumam ser a tônica do noticiário sobre a África, as gazelas da Costa do Marfim em 1979 só queriam saber de rebolar suas tassabas nos maquis, enquanto saboreavam alocôs com kutukus enquanto ficavam de olho nos genitôs.

Traduzindo: as meninas rebolavam suas bundas nos restaurantes ao ar livre onde se pode dançar, comendo banana frita em rodelas com vinho de palma, enquanto ficavam de olho nos rapazes com dinheiro para gastar. Assim é Aya de Yopougon: uma viagem divertida e leve à uma África colorida, sem fome ou guerras. Uma boa novidade para quem procura diversidade nas HQs.

No fim do livro, a autora incluiu uma série de “extras“ sobre a cultura, a culinária e a moda da Costa do Marfim. De início, há um pequeno léxico para entender melhor a história, com várias gírias locais como dye (bêbado), bodjô (bunda) e dêh (exclamação). Segue um guia ilustrado de como usar panos coloridos como sáris ou amarrados na cabeça. Outra dica útil (e ilustrado) ensina as meninas a rebolar a tassaba (bunda) ao caminhar. Seguem receitas de gnamankudji (suco de gengibre, afrodisíaco) e sopa de amendoim, que leva carne de boi, pasta de amendoim e especiarias.

Negrinha / Jean-Christophe Camus e Olivier Tallec / Trad.: Fernanda Abreu / Desiderata / 104 p. / R$ 44,90

Aya de Yopougon / Marguerite Abouet e Clément Oubrerie / Trad.: Júlia da Rosa Simões / L&PM / 112 p. / R$ 38


ENTREVISTA: JEAN-CHRISTOPHE CAMUS

Não fosse o fato de Negrinha ser publicada no Brasil, o franco-brasileiro Jean-Christophe Camus correria o risco de passar o resto de sua vida como um ilustre desconhecido na terra-natal de sua mãe – e onde seu pai, o cineasta Marcel Camus, realizou o clássico Orfeu Negro (1959),filme premiado com a Palma de Ouro em Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Ensinado pelo pai desde criança a admirar e respeitar o povo negro, Camus é fã da música brasileira e é leitor de Gilberto Freyre. Nascido em 1962, é diretor artístico da editora francesa Éditions Delcourt desde sua fundação, em 1986. Em 1990, fundou o escritório de design gráfico Trait Pour Trait, ao lado de Guy Delcourt.

P: Lendo Negrinha, percebe-se que os autores têm um olhar muito terno para seus personagens, incluindo aqueles que poderiam ser retratados como “vilões“, como Olinda. Isso foi uma escolha consciente ou simplesmente aconteceu assim?

JC CAMUS: Foi uma escolha consciente. Olinda sabe que deve se sacrificar para prover uma vida melhor para sua filha. Ela daria sua vida por Maria. Ela é sua razão para viver, trabalhar, rezar. Queríamos uma mulher com uma face boa e má (ao mesmo tempo), com dúvidas, como qualquer pessoa. Às vezes, os pais precisam fazer escolhas ruins pelo bem dos seus filhos. É parte da dificuldade de ser mãe ou pai. Tentamos fazer o melhor – e às vezes, estamos errados.

P: Por que (a história é ambientada no) Rio de Janeiro dos anos 50? Foi a aura mítica? Mais fácil de encontrar referências fotográficas? Sua mãe é brasileira. Ela era uma jovem no Rio dos anos 50 como Maria?

JC CAMUS: Sim, minha mãe e minha avó tinham mais ou menos essas idades (dos personagens) nos anos 50, quando moravam em Copacabana. Essa é a única razão do período escolhido. Eu dei à ele (Olivier Tallec) algumas fotos da minha família daquela época e ele buscou ainda outras fotos e foi ao Rio também. Também mostrei a ele o maravilhoso filme Rio, 40 Graus (1955). Negrinha é inspirado na história da minha mãe e avó, mas toda a parte do Toquinho e da favela é ficção. Minha mãe nunca foi à favela. Mas minha avó ficava muito orgulhosa quando pensavam que ela era babá da minha mãe, até que ela se tornasse adulta!

P: Negrinha aborda com rara sensibilidade temas cruciais do Brasil, como raça e miscigenação. Aqui, o racismo nunca foi aberto, como na África do Sul ou EUA, e o senhor se mostrou muito a par de como as coisas se dão por aqui. Foi sua mãe quem te contou sobre isso?

JC CAMUS: Minha mãe nunca falava disso, mas estou a par disso já há muito tempo. Nasci e vivo na França, mas me sinto brasileiro também. Estou tentando entender a miscigenação brasileira. Li há alguns anos o livro do Gilberto Freyre, Maîtres et esclaves. Acho que é Casa Grande & Senzala em português. Estou sempre pesquisando e tentando entender minhas raízes. O livro é parte disso. Já estive no Brasil de férias, mas nunca morei por aí. Quem sabe um dia? Mas já estive em Salvador por dez dias, no Carnaval. Adorei! Meu pai (Marcel Camus) era diretor (de cinema). Ele era branco, mas fez um filme, Orfeu Negro, só com atores negros. Ele adorava o povo e a cultura negras. Sempre dizia para mim e meu irmão: ‘negro é lindo, cabelo pixaim também‘. Ele dizia que devemos ter orgulho de nossa parte negra.

P: Você e Olivier estão agora trabalhando numa continuação para Negrinha?
JC CAMUS: Sim, estamos trabalhando em Negrinha 2. Se der tudo certo, vai para as livrarias francesas em setembro ou outubro de 2010. Se não mudarmos nada na história também, Maria voltará à favela e ainda fará uma viagem à Minas Gerais. Mais não conto, para não estragar a surpresa!

terça-feira, novembro 10, 2009

FOI O CHÁ, MENINO, FOI O CHÁ



4ª seletiva do Desafio das Bandas entupiu Boomerangue de gente em noite que deu Eddie e Chá de Abu nas cabeças

FOTOS: Erik Salles - AG / A Tarde

Casa cheia e um público bem animado marcaram a quarta etapa do concurso Desafio das Bandas na Boomerangue, neste último domingo. Os pernambucanos da banda Eddie, visivelmente felizes com a recepção calorosa da plateia, fecharam a noite – que teve a Chá de Abu como vencedora da seletiva.

As outras duas concorrentes foram as bandas Outros Três e Truanescos. Pelo regulamento, cada banda tem direito a apresentar quatro músicas no prazo de 15 minutos.

Na noite de domingo, as três bandas optaram pela estratégia de tocar três canções autorais, mais um cover.

Marcada para as 17 horas, a seletiva só começou por volta das 18h30, com a Outros Três. Ainda verdes, mas esforçados, o power trio formado por Thiago Lucas (baixo e vocal), Danilo Arcodaci (guitarra) e Marcel Lima (bateria) demonstrou indecisão entre ser uma banda de rock ou de reggae, com mudanças bruscas – e pouco convincentes – de andamentos.

Apesar do guitarrista promissor, ficou clara a pouca habilidade do jovem trio em formatar suas canções de forma coesa. Como cover, optaram por uma versão bluesy para a manjadíssima Garçom, de Reginaldo Rossi. Terminaram em terceiro lugar.

Na sequência veio a Truanescos. Com um pouco mais de tempo de estrada e visível desenvoltura em se relacionar com a plateia, demonstraram ainda um carisma relaxado sobre o palco, algo difícil de se encontrar em bandas novas.

Também nas músicas próprias os Truanescos demonstraram uma clara habilidade em construir canções bem acabadas, “com início, meio e fim“, como destacaram os jurados do noite Rogério Big Brother (produtor), Tiago Trad (baterista da Cascadura) e Osvaldo Braminha Silveira (da MTV local) em sua avaliação final. Como cover, surpreenderam com uma boa versão samba rock para Detalhes, de Roberto Carlos. Mereciam melhor sorte do que o 2º lugar.

Os últimos foram os primeiros

A terceira concorrente foi a Chá de Abu. E como diz o velho chavão de que “os últimos serão os primeiros“, acabaram vencendo a seletiva. Certamente contribuiu para impressionar o júri o bom número de fãs / amigos participativos que conseguiram arrastar para a beira do palco.

Ensaiadinhos, banda e plateia deram um belo espetáculo em uma das canções. Anunciada como sendo “sobre o Carnaval“, a música foi crescendo, e, em dado momento, os adeptos do grupo na plateia proporcionaram uma verdadeira batalha de confetes e serpentinas.

Visivelmente influenciados por Los Hermanos (até o nome da banda saiu de uma canção de Rodrigo Amarante), mandaram um cover ortodoxo, sem reinvenção, para Cara Estranho.

Original Olinda Style

Pouco tempo depois, a atração principal da noite, a banda Eddie trouxe para o palco da Boomerangue seu som Original Olinda Style e o alto astral que caracterizam suas apresentações.

Mesmo com público cativo, fizeram bonito numa apresentação animada, suada e cheia de hits, como Quando a Maré Encher, Bairro Novo Casa Caiada, Carnaval no Inferno, Estou Cansado Dessa Merda e I Wanna Be Sedated (cover dos Ramones).

Domingo que vem o Desafio das Bandas continua, com Flauer, Autoreverse e Incrédula na disputa. Márcio Mello e a banda Lou encerrarão a noite.

MAIS INFORMAÇÕES, FOTOS ETC: http://desafiodasbandas.atarde.com.br/

sexta-feira, novembro 06, 2009

3º EDIÇÃO DO NOVEMBRO - MÊS DA MÚSICA TRAZ SHOWS INÉDITOS



Pelo terceiro ano consecutivo, o mês de novembro será o período de ouvir novos sons, conhecer novos artistas e se inteirar de novas formas de trabalhar a música – fora dos esquemões viciados que regem a indústria do jabá e empurra o que há de pior goela abaixo do público. É o projeto Novembro - Música em Todos os Ouvidos, que começa hoje.

Realizada pela Diretoria de Música da Fundação Cultural do Estado (Funceb), com o apoio do Pelourinho Cultural, o projeto conta com duas frentes de atividades: a maior e mais frequentada, certamente, serão os shows de grupos e artistas de destaque no cenário nacional nas Praças Pedro Archanjo e Teresa Batista, no Pelourinho.

A segunda frente é o III Fórum de Música, Mercado e Tecnologia, com palestras e oficinas de produtores, músicos e organizadores de coletivos artísticos de Minas Gerais e Mato Grosso. Haverá ainda mesas-redondas com representantes do Ministério da Cultura (Minc), Secretaria de Cultura (Secult), professores universitários e outros ativistas e pesquisadores.

Todas essas atividades do Fórum se darão nas dependências do Instituto Cultural Brasil-Alemanha (Icba) e terão entrada gratuita. Para participar dos laboratórios criativos Fórum da Música de Minas e Espaço Cubo & Instituto Fora do Eixo (MS), os artistas interessados devem enviar um currículo para o email musica.funceb@gmail. com. Já as mesas-redondas prescindem de inscrição. É chegar e assistir.

Cultura do ingresso

Para os shows, contudo, serão cobrados ingressos de R$ 10 e R$ 5 (meia). “Queremos incentivar a questão da cultura do ingresso, até por que é um preço bem acessível“, explica o diretor de Música da Funceb, Gilberto Monte.

“É importante não entrarmos numa lógica perversa de que, se é do governo, tudo é de graça. É necessário que as pessoas valorizem o ingresso. Se você gosta do seu artista, é bom pagar para vê-lo. É uma relação de troca“, reflete Gilberto.

Sobre a série de apresentações programadas para o Pelô, o diretor de música está satisfeito: “Inclusive, ampliamos o número de shows. Esse ano serão cinco datas (ano passado foram quatro), continuando com esse perfil de tentar trazer o máximo possível de atrações inéditas. Esse ano, as únicas atrações que já vieram à Salvador foram (a cantora) Maryana Aydar e (a banda) Maquinado, do Lúcio Maia (Nação Zumbi)“.

Outras atrações de peso são a cantora Maria Gadú, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, a banda Macaco Bong e o coletivo Instituto.

NOITES TEMÁTICAS

A agenda de shows no Pelourinho será regida por noites temáticas, começando hoje, com a Noite Black, apresentando o cantor local Dão e a banda-coletivo Instituto.

“O Instituto vem com B Negão e outros nomes importantes, apresentando o show Racional, baseado no clássico álbum do Tim Maia“, avisa Gilberto Monte. “Já Dão é um ótimo cantor de black music (no sentido setentista da coisa), algo que, por incrível que pareça, não temos muito em Salvador“, admira-se. Dão faz no show o repertório do seu primeiro álbum, Para Embelezar a Noite.

Já amanhã o público poderá conferir a primeira Noite das Cantoras (de uma série de duas), sempre com duas atrações de fora, mais uma anfitriã baiana.

Cantoras de lá e de cá

“Teremos duas noites de cantoras por que no ano passado, durante a seleção das Segundas Musicais (série de shows na Sala do Coro do TCA), tivemos um número grande de cantoras inscritas. Tá rolando uma safra interessante, daí resolvemos sincronizar os novos nomes que estão surgindo no Brasil com as daqui“, detalha.

A primeira noite feminina conta com a paulista Tiê, a mineira Marina Machado e a local Manuela Rodrigues. Esta última embarca para São Paulo em breve, onde negociará o lançamento do seu segundo CD. “Tem um selo que está me namorando, mas não há nada certo ainda“, conta a moça. “A inciativa da Funceb é muito boa, você não precisa ceder a nada. É onde a gente está respirando“, reflete.

Já Tiê tem chamado a atenção pelo estilo intimista, inclusive estrelando uma série de vinhetas assinadas por ela mesma, na MTV Brasil.

Instrumental-Indie

A terceira etapa do Novembro - Música em Todos os Ouvidos é a chamada Noite Instrumental-Indie, e levará para o palco, no dia 11 (quarta-feira), os locais Retrofoguetes, a mato-grossense Macaco Bong e Cooperatronix, um projeto que une em uma só apresentação as bandas Maquinado (projeto do guitarrista da Nação Zumbi Lúcio Maia) e Guizado (do trumpetista carioca Gui Mendonça).

Nesse dia, a atração mais esperada deverá ser a banda instrumental do Mato Grosso, cujo CD Artista Igual Pedreiro (2008) foi considerado o álbum do ano pela revista Rolling Stone.

No dia 13 acontece a segunda Noite das Cantoras, com a paulista Mariana Aydar, a carioca Maria Gadú e a baiana Márcia Castro. Um trio que, além da letra “M“, compartilha a grande atenção que vêm recebendo da mídia e do público nos últimos meses, incluindo música em trilha-sonora de novela da Globo (Gadú) e indicações ao Prêmio Tim de Música (Castro).

Noite das Orquestras



A quinta e última etapa do projeto chama a atenção para o fenômeno de revalorização das chamadas big bands: a Noite das Orquestras, apresentando a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana(São Paulo), Ska Maria Pastora (Pernambuco) e Orkestra Rumpilezz.

“Essa Noite acontece no Dia da Consciência Negra (20), privilegiando os ritmos negros. Teremos duas orquestras de ska mais a Rumpillez, cujo som é baseados nos toques dos terreiros“, comenta Gilberto. “Tem crescido bastante nos últimos anos essa tendência de retomada de grandes formações“, observa.

Sensação independente, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana tem gerado bastante burburinho com sua proposta de tocar, no ritmo do ska e do reggae primordial, clássicos brasileiros como Águas de Março (Tom Jobim), Ticotico no Fubá (Zequinha de Abreu), Carinhoso (Pixinguinha) e até mesmo O Guarani (Carlos Gomes).

Idealizada pelo guitarrista e produtor Sérgio Soffiatti e pelo trompetista Felippe Pipeta, a OBMJ surgiu quando a dupla descobriu que já haviam orquestras no Japão e na Europa com essa proposta. “Aí achamos uma vergonha e resolvemos fazer a nossa“, conta Sérgio.

“A receptividade tem sido incrível. Semana passada tocamos no Circo Voador, casa lotada, povo enlouquecido“, conta. O aguardado 1º CD sai no início de 2010, com um repertório ampliado.

FÓRUM É EVENTO PARALELO

Paralelo à série de apresentações no Pelourinho, o projeto Novembro - Mês da Música, abarca, no Instituto Cultural Brasil-Alemanha, o III Fórum de Música, Mercado e Tecnologia, com dois laboratórios criativos e duas mesas-redondas abertas ao público via inscrição por email (para os laboratórios).

Esses últimos trarão para Salvador as experiências realizadas pelos coletivos Fórum da Música de Minas e dos mato-grossenses Espaço Cubo & Instituto Fora do Eixo.

“A ideia aqui é se aprofundar. No primeiro dia eles apresentam suas atividades e linhas de ação nos seus respectivos estados. No outro, o pessoal daqui formula suas perguntas e troca ideias e no terceiro, a gente já parte para um debate sobre como isso poderia ser feito na Bahia“, explica Gilberto Monte.

“Até para o pessoal de lá entender as expectativas e dificuldades daqui. Por isso é importante ter esses dias: para que o pessoal se conheça“, considera.

Espaço Cubo / Fora do Eixo

Empresário da banda Macaco Bong e um dos idealizadores do Espaço Cubo, Pablo Capilé é um dos principais agitadores do circuito independente nacional, hoje. Em Salvador, ele vai ensinar aos ativistas musicais a “como se conectar em rede e mapear a cadeia produtiva da música local no sentido de organizar coletivos e associações para trabalhar em conjunto“, explica o próprio.

Disseminado Brasil afora, os coletivos associados Espaço Cubo / Instituto Fora do Eixo hoje tem representantes nas cinco regiões do País. “Então vamos levar um representante de cada região no sentido de exemplificar como cada um trabalha, de acordo com as dificuldades de cada lugar“, acrescenta Pablo.

Hoje os coletivos trabalham com uma cadeia de produção que começa nas bandas associdas, passando pelos festivais da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin), e casas noturnas.

PROGRAMAÇÃO

Shows

06/11/2009: Noite da Black Music. Com Instituto (SP) e Dão. Praça Pedro Archanjo, 20h.

07/11/2009: Noite das Cantoras 1. Com Tiê (SP), Marina Machado (MG) e Manuela Rodrigues. Largo Teresa Batista, 20 horas.

11/11/2009: Noite Instrumental-Indie. Com Macaco Bong (MT), Cooperatronix (Maquinado + Guizado) e Retrofoguetes. Praça Pedro Archanjo, 20h.

13/11/2009: Noite das Cantoras 2. Com Maria Gadú (RJ), Mariana Aydar (SP) e Márcia Castro. Praça Pedro Archanjo, 20 horas.

20/11/2009: Noite das Orquestras. Com Orquestra Brasileira de Música Jamaicana (SP), Ska Maria Pastora (PE) e Orkestra Rumpilezz. Praça Pedro Archanjo, 20 horas.

Ingressos: R$ 10 e R$ 5, a partir das 16 horas, somente nos dias e locais dos shows.

III FÓRUM DE MÚSICA, MERCADO E TECNOLOGIA – Programação

DIA 10-11 (TERÇA): ABERTURA
LOCAL: PÁTIO DO ICBA
HORÁRIO: 20H

DIA 11-11 (QUARTA): Encontro do Fórum Nordeste de Gestores Públicos da Música
Fechado ao público

DIA 12-11 (QUINTA): Laboratório: Fórum da Música de Minas
FACILITADORES: Maurílio “Kuru” Lima, Makely Ka e Vitor Santana
LOCAL: Sala 5 – ICBA
HORÁRIO: 9H-12H (manhã)

DIA 12-11 (QUINTA): Laboratório: Espaço Cubo e Instituto Fora do Eixo
FACILITADORES: Pablo Capilé, Talles Lopes, Otto Ramos e Gabriel Cardoso
LOCAL: Sala 5 – ICBA
HORÁRIO: 14H-17H (tarde)

DIA 13-11 (SEXTA): Laboratório: Fórum da Música de Minas
FACILITADORES: Maurílio “Kuru” Lima, Makely Ka e Vitor Santana
LOCAL: Sala 5 – ICBA
HORÁRIO: 9H-12H (manhã)

DIA 13-11 (SEXTA): Laboratório: Espaço Cubo e Instituto Fora do Eixo
FACILITADORES: Pablo Capilé, Talles Lopes, Otto Ramos e Gabriel Cardoso
LOCAL: Sala 5 – ICBA
HORÁRIO: 14H-17H (tarde)

DIA 14-11 (SÁBADO): Laboratório: Fórum da Música de Minas
FACILITADORES: Maurílio “Kuru” Lima, Makely Ka eVitor Santana
LOCAL: Sala Nobre – ICBA
HORÁRIO: 9H-12H (manhã)

DIA 14-11 (SÁBADO): Mesa 1: Indústrias Culturais e a Economia da Música
FACILITADORES: Representantes do MINC, SECULT-BA e Luiz Carlos Prestes (a confirmar)
LOCAL: Teatro do ICBA – ICBA
HORÁRIO: 10H-12H (manhã)

DIA 14-11 (SÁBADO): Laboratório: Espaço Cubo e Instituto Fora do Eixo
FACILITADORES: Pablo Capilé, Talles Lopes, Otto Ramos e Gabriel Cardoso
LOCAL: Sala 5 – ICBA
HORÁRIO: 14H-17H (tarde)

DIA 14-11 (SÁBADO): Mesa 2: Redes: Música e Ativismo
FACILITADORES: Jeder Janotti, Cláudio Manoel e H.D.Mabuse
LOCAL: Teatro do ICBA – ICBA
HORÁRIO: 15H-17H (tarde)