sexta-feira, dezembro 19, 2014

A VIDA E AS MORTES DE ASSIS VALENTE


Assis Valente nos arcos da Lapa (RJ), em 1951
Em seu novo livro, o jornalista baiano Gonçalo Junior reconstrói a biografia de Assis Valente, genial compositor baiano – e revela seu vício em drogas e a depressão que o levou a se atirar do alto do Corcovado

Enquanto parte da classe artística e o Congresso lutam para manter a história e a memória    brasileiras no obscurantismo, guerreiros como Gonçalo Junior (e outros) afiam suas penas para trazer à luz a realidade dos fatos sobre grandes vultos históricos.

Desta vez, o jornalista baiano, autor de A Guerra dos Gibis, O Homem-Abril e Maria Erótica & O Clamor do Sexo volta seu escrutínio para um conterrâneo genial: Assis Valente (1911-1958).

Fruto de décadas de pesquisa, sua biografia para o compositor tem mais de 600 páginas e é superlativa até no título: Quem samba tem alegria: A vida e o tempo de Assis Valente, compositor das célebres Brasil Pandeiro, Cai, cai, balão, Camisa listada e Boas festas.

Recheado de revelações, o livro estabelece o vício em cocaína do artista e sua depressão. Compositor preferido de Carmen Miranda, teve dezenas de sucessos, mas nunca foi feliz de fato e vivia afundado em dívidas.

O desespero o levou a se atirar do alto do Corcovado. Por incrível que pareça, sobreviveu.

Nesta entrevista, Gonçalo Junior conta de suas motivações, da personalidade do biografado, a não-tramitação lei das biografias no Congresso, cita as razões do seu quase anonimato (apesar de todos conhecerem suas canções) e rebate as insinuações acerca do seu suposto homossexualismo, levantadas por alguns pesquisadores.

ENTREVISTA: GONÇALO JUNIOR

Gonçalo por Fernando Amorim | Ag. A TARDE
O que motivou o livro? A lacuna editorial (de ainda não haver um trabalho mais aprofundado sobre o homem e sua época), o fato dele ser um conterrâneo genial, a vontade de demonstrar sua real dimensão para a cultura brasileira, o desafio jornalístico de desvendar os mistérios em torno de sua vida ou tudo isso junto? Ou nada disso?

GJ: Tudo isso junto e um pouco mais. Claro que acreditar que Assis Valente não recebeu ainda a devida atenção no sentido de dimensionar o quanto sua vida foi trágia é um estímulo e um desafio. Sou baiano e sempre quis escrever algo ligado à cidade que mais amo, que é Salvador, embora tenha nascido em Guanambi e me mudado para a capital ainda criança. É o pagamento de uma dívida. Temos tantos artistas geniais. Adoraria biografar, por exemplo, Luiz Caldas, que considero gênio e me permitiria contar um pouco da axé music, da indústria musical de Salvador nesses 30 anos. Mas Assis me interessou mais no primeiro desafio. Tem a ver com algo mais pessoal.

Como foi seu primeiro contato com a música de Assis na infância? Foi daí que veio seu interesse por ele? Ou foi depois de adulto?

GJ: Cresci ouvindo Assis no Carnaval, no São João e no Natal, com suas marchinhas inesquecíveis como Cai cai balão e Boas Festas, principalmente. Em nossa casa era o que mais se tocava no toca-disco. Meu pai é uma enciclopédia ambulante da história da MPB. Nasceu em 1930, dois anos depois, surgiu o rádio comercial. Ele cresceu ouvindo Carmen Miranda, Mario Reis, Francisco Alves, Bide e Marçal, Aracy de Almeida, Noel Rosa e muitos outros. Acompanhou os 30 primeiros anos do rádio e guardou muita coisa em sua memória prodigiosa. Ele adorava fazer introduções antes de tocar os discos. Contava as mesmas histórias sempre. Por ter perdido um irmão que se matou, citava a tragédia de Assis como um exemplo de que tirar a própria vida não resolve nada. Cresci fascinado por sua história, queria saber como alguém que faz um samba chamado Alegria se atirou do Corcovado para a morte – e escapou por milagre.

Esta biografia de Assis é também um estudo muito detalhado de sua época, incluindo diversos aspectos culturais (claro), sociais e econômicos que enriquecem muito a leitura e portanto, a cultura geral de quem o lê. Quanto tempo você levou para produzir este livro, da ideia inicial à entrega dos originais à editora? Em que ponto você percebeu que não poderia falar de  Assis sem estar profundamente familiarizado com sua época e tudo que o cercava?

GJ: Eu passei uns 20 anos, desde a adolescência, na década de 1980, juntando material sobre Assis: discos, livros, recortes de jornais e revistas. Creio que foi o primeiro livro que pensei em escrever. Tanto que, em 1999, quando passei uma tarde inteira entrevistando Dorival Caymmi em seu apartamento no Rio e sabia que Assis tinha sido importante na sua vida, conversamos um tempão sobre ele. Ali já estava definido que escreveria sua biografia e aproveitei a oportunidade. O livro foi escrito ao longo de 32 meses, entre 2009 e 2011. Percebi que a depressão que mataria Assis tinha muito a ver com coisas que aconteciam à sua volta, como o lado nada glamouroso do mundo do rádio, os roubos de composições, as intrigas, as fofocas, as chantagens de radialistas para conseguirem co-autoria como condição para tocar as músicas nas rádios. Está tudo lá, inclusive os nomes dos vilões dessa história, que ajudaram a arrastar Assis para a cocaína, o que destruiu sua vida e acho que é a maior revelação desta pesquisa.
Assis aos 14 anos

Durante uma entrevista que fizemos há quase dois anos, vc me contou que  estava tendo problemas em lançar o livro por que o setor jurídico da  editora estava com um certo medo de processos dos descendentes de Assis, por conta das revelações que você faz em torno da relação do biografado com  drogas. Como esta questão se resolveu? A editora resolveu peitar o que viesse ou foi feito algum acordo com a família de Assis? Isso afetou de  alguma forma o conteúdo do livro?

GJ: Não, não tiraram uma vírgula, a não ser na revisão. Não houve conversa com a família no sentido de pedir autorização. Simplesmente a editora resolveu correr o risco em nome da liberdade de expressão, estimulada pela discussão que provocou aquele episódio deplorável e mesquinho protagonizado por Roberto Carlos. Somos o país mais hipócrita do mundo. Impossível ter outro pior. Essa discussão das biografias é meramente financeira, embora pudessem alegar direito de uso de imagem. Faça um bom acordo com as famílias e elas não vão se importar com honra nenhuma do biografado. Não foi assim que a biografia de Garrincha (Ruy Castro) foi liberada? Quando o livro voltou às livrarias, estava exatamente como antes e a família com a conta bancária gorda. E os argumentos sobre honra e reputação foram abandonados.

Anteontem (quarta-feira, 10), o senador Agripino Maia (DEM-RN) manobrou para que a lei das biografias não fosse adiante,  praticamente engavetando a lei por tempo indeterminado, a pedido do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO). Isso pode ter algum efeito imediato na publicação do seu livro? E a longo prazo, em que isso afeta seu  trabalho e o de outros biógrafos no Brasil?

GJ: Natural que quem tem sujeira para esconder fique apavorado em liberar as biografias, dentro dos preceitos democráticos e da livre expressão, como diz a nossa Constituição. Só tem um caminho para impedir que esse engavetamento aconteça: a sociedade civil voltar a pressionar o Congresso. E vai voltar, basta um novo processo surgir e causar indignação na opinião pública. Creio que chegamos a um ponto sem volta nesse sentido. No momento, as maiores editoras do Brasil estão contratando e produzindo grandes biografias que devem chegar às livrarias a partir do ano que vem. Elas têm a opinião pública, a imprensa e boa parte do judiciário, inclusive ministros do STF, a seu favor e vão bater de frente com essa palhaçada de usar uma lei abusiva e censora em prejuízo da história do país. A questão é simples: falam em biografias que denigrem figuras públicas. Pois bem: quem pode me citar um exemplo? A de Roberto Carlos, que nem os advogados dele leram porque usaram argumentos financeiros?

Assis foi ilustrador de revista erótica
Todo mundo conhece Brasil Pandeiro, Boas Festas e Cai Cai Balão. Mas poucos conhecem seu autor. A que você acha que se deve esse semianonimato de Assis Valente?

GJ: Depois de morto, ele ficou quinze anos praticamente esquecido. A sociedade desse que é, repito, o país mais hipócrita do mundo, não perdoa suicidas. Isso é praxe cultural, moral e religiosa. Os suicidas vão para o inferno e aqui, entre os vivos, são jogados no limbo. Assis foi um caso assim. Quando morreu, o presidente da Câmara Municipal do Rio não deixou velarem o corpo dele lá, alegou que não era famoso o suficiente para tamanha honraria. Na verdade, ele não o fez por se tratar de um suicida. Nessa época, Assis andava sujo, barba por fazer, sem tomar banho, delirante, consumido por seu vício pela cocaína. Essa revelação me foi feita pela afilhada, que conviveu com ele por treze anos. Não é invenção ou especulação irresponsável, como dizer que ele era homossexual a partir de interpretações das letras de seus sambas. Contesto isso com segurança no livro, apenas ao não fazer referência a isso. A não ser que me provem com documento que Assis não foi vítima de especulação sobre sua sexualidade bem depois de sua morte. Não vale dizer que a tia do primo da vizinha do porteiro do colégio contou que conheceu um cobrador de ônibus cujo nome não sabe mas garantiu que teve um caso com ele. Não dá, né? E é isso que fazem. Usam Camisa Listada, E o Mundo Não se Acabou e Fez Bobagem para afirmar que as letras são cifradas com simbologias gays. O que dizer, então, de Folhetim, de Chico Buarque? Me poupe.

Há a possibilidade de algum dia o livro ser adaptado em filme ou série  de TV? Alguém já te abordou quanto a isso?

GJ: Não, ninguém me procurou nesse sentido. Assis teve a vida mais trágica da história da MPB. Só o dia da morte dele, que relato em 15 páginas, daria um grande filme. Tomara que isso aconteça no sentido do Brasil rever seu valor e fazer justiça a um gênio esquecido.

Em que medida você acha que a obra de Assis foi importante no  desenvolvimento da chamada "linha evolutiva" da MPB, aquela que desembocou  na bossa nova, tropicalismo, a MPBzona de Chico-Caetano-etc?

GJ: Não sei se chegou tão longe, mas me parece que ao introduzir a melancolia no samba – que teria adeptos e seguidores como Caymmi (Saudade da Bahia, por exemplo), Nelson Cavaquinho, Cartola, Paulinho da Viola e Batatinha – ele mostrou novas possibilidades para o gênero, que renderia variações mais celebradas pela classe média e os intelectuais como a bossa nova. Para mim, Assis e Noel foram os dois modernizadores do samba e os dois maiores compositores da era de ouro do rádio, sem diminuir a importância de Ary Barroso e Lamartine Babo, entre outros. Claro que coloco Caymmi – o pai da bossa nova, creio – como posterior a isso, embora tenha sido revelado em 1939.

Próximo do fim, Assis era a imagem da decadência
É muito comum descobrirmos que artistas que transmitem muita alegria em sua obra eram na verdade depressivos, tristes e viciados em drogas. (Aliás, algo muito comum em comediantes também). Você diria que Assis se encaixa nesse perfil?

GJ: Perfeitamente. Assim como Assis, esses artistas têm, em comum, uma doença grave que só nas últimas décadas tem sido estudada, tratada e compreendida: a depressão. Não é coragem ou covardia que leva o sujeito a se matar. Não tem nada a ver. A depressão simplesmente tira o interesse pela vida. E, muitas vezes, provoca alterações radicais de humor, vão de um extremo a outro. Por isso, Assis recorreu terapeuticamente à cocaína. Em Alegria ele escreveu: “Vou cantando fingindo alegria para a humanidade não me ver chorar”. Acho que um psicólogo ou psiquiatra pode explicar melhor isso.

Assis pegou a transição dos tempos do teatro de revista para o rádio.  Como ele se relacionou com a nascente comunicação de massa? Ele compreendeu sua importância de cara?

GJ: Assis foi um gênio instintivo ao perceber a força do rádio e as possibilidades de promoção, de se tornar famoso. Ele queria a fama para se fazer notar na Bahia, em Salvador, que o recusou como cartunista brilhante que ele era. Queria mostrar para o pai branco que era uma pessoa especial e merecia carinho e atenção. descobriu-se um marqueteiro nato e ganhou muitos inimigos por isso. Era odiado por se promover tanto na condição de compositor e não cantor - só esses podiam brilhar. Os amigos faziam intrigas, fofocas, porque ela saía na rua com os bolsos cheios de fotos suas que distribuía e dava autógrafos no verso. Ele era tão astuto que, antes de ter seu primeiro samba gravado, convenceu o jornal O Globo a fazer uma concurso para escolher um cantor que interpretaria a marcha que ele em fez em homenagem ao próprio jornal. Isso tudo aconteceu entre 1932 e 1939, quando ele emplacou uma centena de sucessos, ao menos. Um caso impressionante. Só Carmen Miranda gravou 23 músicas suas. A maioria caiu na boca do povo.

Em que medida você acha que a relação de Assis com entorpecentes foi decisiva para a sua ruína? Ou ele teria se arruinado mesmo que fosse "careta"?

GJ: Se ele fosse careta, continuaria a fazer músicas tristes e melancólicas como Boas Festas (Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel). Foi a doença que o inspirou a fazer músicas assim, não as drogas. A cocaína veio depois, quando Carmen Miranda foi embora do Brasil e ele perdeu sua maior intérprete. Por outro lado, a droga o destruiu, impediu de criar, mais arrastou-o para a sarjeta e ao endivadamento desesperado, motivo para seus gestos de loucura, combinados com o grave quadro depressivo: matar-se por causa de dívidas. No livro, falo dos dramas de Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Zezé Fonseca e outros que tiveram suas vidas arruinadas e até se mataram (como Zezé Fonseca, a musa de Orlando) ou tentaram.

A indústria fonográfica e a cena musical é um meio assediado por marreteiros em busca de lucro fácil e imediato não é de hoje, como vemos no seu livro. Como você avalia a postura geral de Assis nesse "antro"?

GJ: Assis e grandes compositores como Ary Barroso e Lamartine Babo reagiram com firmeza e se afastaram dos concursos de sambas e marchas ainda na década de 1930. Ary presidiu uma entidade de compositores e de arrecadação de direitos autorais e botou a boca no mundo, denunciou esquemas de jabás e apropriações de sambas e direitos autorais em jornais convencionais e nas páginas de revistas importantes como Carioca, O Malho, Revista do Rádio e Radiolandia, cujas coleções completas eu consultei para o livro. Só a Carioca teve 600 números. Na época havia um esquemão selvagem de propina que no meio se chama jabá ou jabaculê. Depois, piorou, quando passou-se a pagar até mesmo para não tocar os concorrentes. Alguém precisa escrever um livro sobre isso ao longo do século XX.

Alguma possibilidade de lançamento de Quem Samba Tem Alegria em  Salvador, com sessão de autógrafos?

GJ: Adoraria. Mas fico meio inseguro. Sai de Salvador há 17 anos, perdi o contato com muita gente - amigos, colegas de colégio e faculdade - e temo que ninguém apareça.

Quem samba tem alegria / Gonçalo Junior / Civilização Brasileira / 644 p. / R$ 65

17 comentários:

Franchico disse...

Na moral, com uma direita delirante e patética como essa, o Brasil não precisa mais de comediantes.

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/jornalismo-wando/wandnews-69-edicao-094837718.html

Quem tem Olavinho, Reinaldão, Lobão, Rogerzinho e Jairzinho Bolsonaro não precisa de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias...

Rodrigo Sputter disse...

As pessoas demonizam as drogas...e esquecem que cada um tem seus demônios potencializados pelas drogas...e olha quem está falando aqui é um cara que nunca fumou um baseado, tomou lsd, cheirou pó ou qq outra coisa do tipo...só um pileque ou outro poucas vezes ao ano...pouquíssimas...adoro Assis...tou louco pra ler esse bio...mas tá me cheirando um lance meio careta com as drogas e a sexualidade do cara...qual o problema dele ter sido bi ou gay?
me parece que o autor ficou com essa preocupação...

Eu já sou taxado de vagabundo por ser rocker e formado em filosofia...ao ler o maravilhoso texto dizendo que quem anda de bike não presta...acho q ele tem razão...sou um lixo mesmo-hehehe

Franchico disse...

Sputter, esqueça isso.

O livro não tem nada de careta ou moralista. São apenas os fatos. O cara se acabou no pó e em dívidas, como tanta gente se acaba, normal.

E ele contesta essas alegações de homossexualidade por que em sua vasta pesquisa de décadas, simplesmente não encontrou absolutamente nenhum dado que comprovasse isto.

Gonçalo é um dos biógrafos e pesquisadores mais sérios deste país. Suas afirmações são baseadas em pesquisas muito sérias.

Por favor, não o confunda com um moralista homofóbico....

Rodrigo Sputter disse...

"Está tudo lá, inclusive os nomes dos vilões dessa história, que ajudaram a arrastar Assis para a cocaína, o que destruiu sua vida e acho que é a maior revelação desta pesquisa."

Parece que Assis era um menininho de 12 anos...que empurraram o pó pra dentro dele e o cara se viciou...existem escrotos e pessoas "inocentes", sim...mas do jeito que ele fala...parece aqueles pastores dizendo que a droga somente é a perdição...quando ela sozinha num faz nada de mal...precisa de alguém pra usá-la...

"Não é invenção ou especulação irresponsável, como dizer que ele era homossexual a partir de interpretações das letras de seus sambas."

quer dizer que pensar q alguém é gay é irresponsável? então pensar que alguém é hétero tb é?
eu fui criado numa época que a frase acima "fazia sentindo", mas vejo preconceito nela...sem dúvidas alguma...mas é somente o que eu penso...e num livro de 600 páginas (né isso?), espero que isso seja o que menos importe...

Ernesto Ribeiro disse...

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A Melhor Banda de Rock & Roll do Mundo em 1995, ao vivo em pleno apogeu:


THE DEAD BILLIES em Salvador apresentados por Pitty.


Só a entrada triunfal de Moska é de arrasar. A pose de galã do homem é insuperável. E, puta que pariu, Pitty sempre foi linda demais.


https://www.youtube.com/watch?v=8sM7DOFuszM

Rodrigo Sputter disse...

Ernestão, te envia sem tua autorização...vai se zangar comigo não-ehheehehe

Franchico disse...

Vamos lá, Sputter.

Sobre o pó: quer dizer que as pessoas entram nas drogas apenas por que querem? Entram por diversas razões, incluindo a influência de más companhias, sabemos muito bem disso.

Não sou moralista, mas quantas pessoas mentalmente frágeis - como Assis o era - entram nas drogas por causa dos "amigos" e tem sua vida arrasada por elas? É isso que ele está dizendo que aconteceu. Ele não está julgando, como vc parece julgar. A função dele, como biógrafo, é relatar os fatos, sem julgamento. E os fatos que ele levantou são estes.

Sobre o suposto homossexualismo: se vc é um pesquisador sério de história, é irresponsável sim, dizer que o personagem tal era isso ou aquilo sem provas, valendo-se apenas de suas próprias interpretações a partir de letras de marchinhas de carnaval.

Não se trata de um zé-ninguém que o pesquisador tal está dizendo que acha que era gay. É um vulto histórico, portanto, como pesquisador que se pretende sério, seria bom ter provas antes de sair afirmando que fulano era gay.

Por exemplo, se vc saísse dizendo por aí que eu sou gay, isso seria apenas mentira, maledicência, calúnia na pior das hipóteses.

Mas um historiador dizer que tal personagem histórico era gay, sem ter como provar, valendo-se apenas de interpretações enviesadas de marchinhas de carnaval, isso é sim, irresponsabilidade com seu próprio ofício, entendeu? É isso que Gonçalo chama de irresponsabilidade. Não é uma questão de preconceito. Ele questiona o método profissional ao qual um colega pesquisador recorreu para dizer que Assis era gay.

Pelo método da interpretação de letra de música, como ele aponta, até Chico Buarque é gay. É um método falho, percebe?

Franchico disse...

De chorar esse vídeo do Dead Billies, mesmo. Vi tb minha querida Belzita Machado conversando com Quinho, batera da brincando de deus. Que saudade desse povo que foi embora de SSa...

Rodrigo Sputter disse...

sim Chico, existem as más influências...mas a pessoa vai pq tem algo que a leva a ir...se fosse assim, eu teria levado pra cama todas as mulheres que eu quisesse, vc tb...todos meus amigos gays teriam me comido...pq lábia e conversa todo mundo tem...eu num sou entendido de drogas...pois eu num uso...eu não estou julgando, mas chamando os outros de vilões, ele coloca o Assis como héroi ou bonzinho...e quem vai biografar os que "levaram" ele pras drogas? vai defendê-los? o tom q ele usa que não me agradou...e vc tá falando com um cara que num sabe o que é a onda de nenhum tipo de droga ilegal...duvido q se dissesse que ele era hetero ia "macular" a "honra" dele...aliás, nem sei pq falam da vida sexual dos outros mesmo...e qual o problema de pensarem q esse vulto é gay ou não? o q vai piorar ou melhorar a imagem dele? qual as provas de que alguém é? e vc num é gay man?? oxe...eu jurava que sim-heehehehehe

eu vi esse "doc" tem uns anos...eu acho q ele fala algo sobre...esse cara parece até ser "Sério":

https://www.youtube.com/watch?v=UHzAXXlHgiI

enfim...tenho q ler o livro e fui nas livrarias e num tinha...e isso é papo pra se falar ao vivo...

Franchico disse...

Agora foi RIP Joe Cocker...

http://www.theguardian.com/music/gallery/2014/dec/22/joe-cocker-life-in-pictures

Impossível não chover no molhado. Um dos cantores mais maravilhosos do rock em todos os tempos.

Mas não vou falar de With a Little Help ou Unchain My Heart.

Minha interpretação preferida dele é para a genial The Man in Me, de Bob Dylan, que está no adorável LP Stingray, gravado na Jamaica.

Ouçam e chorem:

https://www.youtube.com/watch?v=hHwK_RWrHcs

Old School disse...

Mais um gigante q se vai!Esteja em paz,grande Joe Cocker!Um dos meus momentos favoritos dele eh esse cover de Dylan
https://www.youtube.com/watch?v=kOXKLQsmsvI
Toda vez q ouco essa musica imediatamente eu lembro de "Let's Lynch The Landlord" do DK.Eh q 'landlord' filho da puta nos EUA eh q nem baiana de acaraje em SSA,vc encontra um dos bons em cada esquina.


Ernesto Ribeiro disse...

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Pitty novinha em folha, adolescente aos 17 aninhos... e já com moral suficiente na cena rocker para apresentar os Festivais Garage Rock de Rogério Big Brother. De vestido vermelho e 100% rocker autêntica. Classe!

Ernesto Ribeiro disse...

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Reportagem robusta e meticulos, sóbria e precisa, bem no estilo jornalístico exato de Chico castro Jr. Parabéns.

Existem inúmeras razões que levam alguém a se drogar.

Quem quiser mergulhar de cabeça na construção e destruição da pessoa do drogado, de cidadão comum a lixo da sociedade, que leia os 2 livros de Christiane F.

Até hoje, a obra definitiva sobre o assunto.

Ernesto Ribeiro disse...

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Hoje de tarde fui fazer minha única refeição do dia ouvindo o album "Unchain My Heart".


Descanse em paz, good old Joe Cocker.


Você é o melhor cantor de rock do mundo.


Junto com Jerry Lee Lewis, Elvis Presley e Glauber Moskabilly.

Rodrigo Sputter disse...

Chigonca, calma, tem luan santanna, justin bieber, mc guimê, paula num sei das quantas pra nos salvar cara...

Todo mundo indo embora...e deixando a gente na rebarba aqui...grande versão do Dylan...temos q fazer piadas imbecis...pq o desespero vem batendo...

Pensar que Joe é 3 meses mais novo que minha mãe...ainda bem q ela num fuma...embora, pra saber pq a vida nos dá câncer é difícil...de onde e pq veio...enfim...descanse em paz...os discos serão tocados enquanto existirem ouvintes e aparelhos de reprodução...

Ernesto Ribeiro disse...

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Ainda sobre o video dos Billies:

Nas mesas, vemos Aron e Kátia Najara, então namorada de Moska. Dez anos depois, ela fez sucesso na TV apresentando um programa de culinária com as receitas dela. E eu estou fora do alcance das câmeras. De propósito.

Jeferson disse...

Sputter,

encontrei o livro na Saraiva do Shopping Salvador. Havia 3 exemplares e comprei 2. Sobrou o seu lá....rs
Já li 1/3 do livro. Sensacional. é uma grande viagem não só sobre a vida de Assis, como pelo Rio e Salvador nas primeiras décadas do séc. XX.
Até onde li, o autor tem sido muito cuidadoso em citar fontes e versões diferentes (e até contraditórias) para certos fatos. Muitos mitos que ouvia falar sobre Assis caíram (como ele ser santamarense).
Abs,
Jeferson