quinta-feira, dezembro 25, 2014

DÁ PARA SER ARTISTA SEM SER UM POUCO LOUCO?

Parafusos: mania, depressão, Michelangelo e eu é o forte testemunho de uma quadrinista na superação do transtorno bipolar 

Visto como uma condição de certa forma normal hoje em dia, o transtorno bipolar, quando atinge artistas, os leva a um sério dilema.

Em Parafusos: mania, depressão, Michelangelo e eu, a quadrinista  Ellen Forney nos conta como o superou.

Condição que ora deixa o paciente eufórico, ora deprimido, o transtorno bipolar já atingiu inúmeros artistas, entre escritores e pintores: Vincent van Gogh, Georgia O'Keeffe, William Styron, Sylvia Plath, Joan Miró, Edvard Munch e Mary Shelley, entre muitos outros.

Ellen Forney, uma quadrinista underground norte-americana, vegetariana e bissexual de Seattle, não é bem a Sylvia Plath, que descreveu seu périplo depressivo (com direito a muito eletrochoque) no magnífico A Redoma de Vidro (1963).

Porém, de certa forma, ela fez algo melhor do que a pobre poeta que se matou enfiando a cabeça no forno a gás: Ellen Forney sobreviveu para contar como sobreviveu à montanha-russa emocional e fez ainda mais.

Ciente do estrago que a medicação prescrita – carbolítio, ou apenas, lítio – causa na sensibilidade das pessoas, Forney, a princípio, se recusou a usar o remédio.

“Ao lado das minhas românticas preconcepções sobre o que era ser um artista louco, estavam minhas aterradoras preconcepções sobre o que era ser um artista medicado”, escreve a quadrinista.

Estabilizador de humor, o lítio pode ser destruidor para quem depende da sensibilidade para trabalhar: entre seus muitos efeitos colaterais, causa visão borrada, tremor nas mãos (ambos desabilitadores para uma desenhista) e, por fim, embotamento cognitivo – ou seja: a pessoa, literalmente, não entende nada.

De artista, médico e louco...

Como a bipolaridade alterna picos de euforia (mania) com abismos de tristeza (depressão), Forney traçou diversos planos para como lidar com a deprê quando esta batesse.

Claro que nada disso deu certo – e a artista caiu na mais profunda das depressões. Resultado: aderiu ao lítio receitado pela psiquiatra. E é aí que sua luta para superar sua condição realmente começou.

Contar mais é estragar a leitura, mas a HQ – recomendada a adultos – é o belo testemunho de uma artista que transitou pelos extremos das emoções humanas, conseguiu voltar para contar como foi e ainda tenta inspirar outras pessoas que passam pelo mesmo problema.

O melhor de tudo é que, no processo, Forney criou uma obra muito interessante e ilustrativa.

Sempre em primeira pessoa, ela descreve de forma muito viva suas sensações, seus relacionamentos e família, além de fornecer muitos dados científicos e estatísticos sobre o transtorno bipolar – todos devidamente referenciados com suas fontes no apêndice do livro.

No fim das contas, Parafusos é uma obra que nos dá uma outra perspectiva sobre aquele velho ditado que dizia: “De artista, médico e louco, todo mundo tem um pouco”.

Porque as linhas que separam o artista do louco são muitas vezes borradas como a visão de um medicado por lítio. Sem um tiquinho de loucura, como alguém que se quer artista pode enxergar o que o homem comum não vê – e assim, criar sua arte?

Caso contrário, o que se cria é só comércio. Aí não é mais arte. É entretenimento vazio. É Carnaval na Bahia.

Parafusos: mania, depressão, Michelangelo e eu / Ellen Forney / Trad. Marcelo B. Cipolla/ WMF Martins Fontes/ 250 p./ R$ 39,90

4 comentários:

Franchico disse...

Aberrações políticas nós temos aos montes no Brasil. Mas algumas, realmente, nos ofendem mais do que outras:

http://www.brasilpost.com.br/2014/12/24/bolsonaro-tumblr-bolsonazi_n_6374832.html?utm_hp_ref=mostpopular

Tô pra ver sujeitinho mais nojento, vou te contar.

A pergunta que fica é: como é que um lixo desses nunca foi cassado? Como é que pode ele continuar se reelegendo, há quase 30 ininterruptos?

Brasil....

Franchico disse...

30 anos ininterruptos eu quis dizer...

Rodrigo Sputter disse...

porra man...por sua culpa sonhei com Bolsonaro hoje...e o pior de tudo, queria dialogar com ele...saber pq ele pensava essas merdas...e queria que as pessoas deixassem ele falar, ao invés de ficar fazendo protestos, pra entender o que um sacripantas desse pensa...só pra derrubá-lo com teorias...só em sonho eu quero conversar com uma zorra dessas...devia ter metido a porra nele...acho que por isso depois eu sonhei atirando numas metrancas numa galera q queria me matar...hehehehe

sem diálogos com imbecis.

Ernesto Ribeiro disse...

.

Eu já disse o quanto eu me esforço ao máximo para EVITAR comentar assuntos como este. Mas, para estabelecer a VERDADE:


https://www.youtube.com/watch?v=NB3L107_-vY


MARIA DO ROSÁRIO DEFENDE MENOR ESTUPRADOR


Menor de 16 anos é estuprada por 5 dias, em rodízio, e a Deputada Maria do Rosário defende seu algoz por também ser menor de idade.



O deputado Jair Bolsonaro estava apresentando um projeto de lei que pedia punições mais graves para os estupradores e reduzia o prazo de maioridade penal de modo a que a punição pudesse atingir tipos como o Champinha, um dos estupradores e assassinos mais cruéis que este país já conheceu.


A sra. Maria do Rosário, em contraposição, defendia privilégios legais para os Champinhas da vida.



As palavras que ela disse ao Bolsonaro revelam um esforço perverso de INVERTER o sentido dos acontecimentos, fazendo do sr. Bolsonaro um apologista daquilo que ele combatia e ela protegia.


Não sou um "seguidor do deputado Bolsonaro", mas peço que você preste atenção a estas explicações:


(1) Ao chamar o seu colega de "estuprador", sem a menor provocação, a deputada Maria do Rosário lhe imputou caluniosamente uma conduta criminosa;

(2) Ela não o fez no calor de uma discussão, mas por iniciativa unilateral;

(3) Quando o deputado lhe perguntou "Agora sou eu o estuprador?" ela repetiu a acusação calma e friamente, ao responder "É sim". Isso denota conduta deliberada.

Em resposta, tudo o que o ofendido fez foi uma piada de mau gosto. PÉSSIMO gosto.

O deputado Bolsonaro fala merda, sim; ele diz frases desastrosas. Mas isso não o torna um defensor do crime.