terça-feira, março 31, 2015

EU, ROBÔ: HUMAN AFTER ALL

Em nova edição, clássico de Isaac Asimov reafirma genialidade (muito humana) de seu autor

A robôzada do filme Eu, Robô (2004), mal sucedida adaptação com Will Smith
No fundo, é tudo sobre nós mesmos – a natureza humanos e suas misérias, sua estupidez, mesquinharias, grandeza e incompreensão absoluta do universo muito maior em que estamos inseridos.

Toda a arte, todos os escritores que escolhem falar de guerras, de amor, de crime. No fim, é tudo sobre nós mesmos.

Isaac Asimov (1920-1992) apenas escolheu falar de... robôs para se referir  às questões humanas que o afligiam.

Não a toa, um de seus livros mais famosos, Eu, Robô – relançado pela Aleph com nova capa e tradução de Aline Storto Pereira – traz uma coleção de contos habitados por robôs com reações mais humanas do que as de alguns personagens humanos de fato.

Há o robô que cria intrigas entre os membros de uma equipe de trabalho. Há o robô que cria afeição por uma menininha. Há o robô indeciso, que não consegue parar de andar em círculos. Há até um robô fujão.

Reunidos no volume intitulado Eu, Robô pela primeira vez em 1950 por uma pequena editora norte-americana (Gnome Press), os nove contos que formam o livro foram publicados ao longo da década de 1940 nas revistas pulp  Super Science Stories e Astounding Science Fiction.

Juntos, os contos não só revelam uma narrativa maior com diversos personagens recorrentes ambientados no mesmo universo ficcional, como nos fazem pensar – vejam só – na natureza humana.

Boa parte desse êxito artístico de Asimov veio de dois saques geniais. O primeiro foi a criação das Três Leis da Robótica, citadas pela primeira vez neste livro.

Chappie, o robô-título do novo filme de Neil Blomkamp, breve nas telas
Para deixar claro do que se trata, vamos cita-las aqui: “1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal. 2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei. 3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Leis”.

O segundo saque foi dotar os robôs do seu universo ficcional (que se estendeu por muitos outros livros) de cérebros positrônicos.

Engenhoca esponjosa de platina-irídio alocada dentro de uma esfera de vidro, o cérebro positrônico é algo tão complexo que nem os engenheiros que trabalham com os robôs no livro entendem direito seu funcionamento –  além de conceder reações imprevisíveis quase humanas aos homens de lata.

Como fio narrativo ligando os contos, Asimov incluiu um jornalista que entrevista a roboticista Susan Calvin – então aos 75 anos –, uma espécie de pioneira na psicologia de robôs, que vai contando os causos robóticos em ordem cronológica, evidenciando sua evolução tecnológica.

A cada conto, além desta evolução, o que se nota é a mão segura de Asimov, que narra cada um deles com absoluto domínio da atenção do leitor, leveza, agilidade e humor – como diz o duo francês de música eletrônica Daft Punk: “human after all” (humano, apesar de tudo).

A origem dos robôs


Curiosamente, Asimov não foi o primeiro escritor a se referir aos robôs. Na verdade, o folclore judaico europeu já tinha, no mito do golem, inventado seu robô séculos antes.

Já a palavra “robô” foi criada por um escritor tcheco, o visionário Karel Čapek (1890- 1938), em sua peça teatral R.U.R. (Rossum’s Universal Robots), na qual um industrial inglês (Rossum) cria homens mecânicos para o trabalho, liberando a humanidade para o ócio criativo.

A palavra robô vem do tcheco robota, que significa “trabalho”.

Eu, Robô / Isaac Asimov / Tradução: Aline Storto Pereira / Aleph / 320 páginas / R$ 39,90

quinta-feira, março 26, 2015

PODCAST ROCKS OFF HAS GOT THE BLUES, BABY!

Ilustração de Robert Crumb
Nei Bahia e Osvaldo Braminha Silveira Jr. em mais uma de suas edições "quase didáticas" dissecam... O Blues.

Só isso.

Tem coisas que só o podcast Rocks Off faz por você.

Onde termina o jazz e começa o blues? E onde termina o blues e começa o rock 'n' roll?

Essas e outras questões são discutidas com a profundidade e o conhecimento de causa de sempre pelos nossos especialistas.

The class is on...

terça-feira, março 24, 2015

DIRETO DE AUSTIN, ÉRIKA MARTINS FALA DE SUA ENTRADA NO AUTORAMAS

Autoramas em Austin, em foto feita para a coluna: Érika, Gabriel, Melvin e Fred
A essa altura, você, leitor mais esperto desta coluna deste blog (leia-se logado em redes sociais) já sabe: a baiana Érika Martins, lançada nacionalmente no cenário pela banda Penélope, agora integra o Autoramas.

Na verdade, a banda se reformulou totalmente – exceção feita, claro, ao band leader Gabriel Thomaz, marido de Érika. Saíram o baterista Bacalhau (ex-Planet Hemp) e a baixista Flávia Couri.

Nos seus lugares entraram Fred (ex-Raimundos, bateria) e Melvin (baixo). Érika engrossa o som da banda cantando, tocando guitarra e teclados ocasionais.

“De um jeito ou de outro eu sempre estive no Autoramas”, escreve Érika para a coluna desde Austin, Texas, onde a banda se apresenta no festival South By Southwest.

“Estou próxima há 13 anos (período que eu e o Gabriel estamos juntos) dos 16 de existência da banda. Sempre escutei as composições antes de qualquer pessoa. E até várias foram dedicadas pra mim, né?! É muito amor, gente”, ri.

"Ao longo desses 13 anos, fiz milhões de participações em shows do Autoramas e até no DVD MTV Desplugado e Baú do Raul. A baixista (a terceira da banda) casou com um dinamarquês e foi morar lá. E o Bacalhau (segundo baterista do Autoramas) acabou saindo junto (NOTA: segundo o Wikipédia, juntou-se a mais uma volta do Planet Hemp). Além disso, no final do ano, gravamos um EP, Érika & Gabriel, com produção do Lê Almeida e com o Fred na bateria (que já toca comigo há 3 anos). Os fãs cobravam muito uma gravação minha com o Gabriel, acho interessante que depois de tanto tempo juntos, tenha acontecido exatamente agora no final do ano e com uma repercussão tão bacana... Nada acontece por acaso, já tava tudo se preparando pra isso", relata Érika.

“Então, foi muito natural aceitar o convite, quando o Gabriel me chamou”, conta.



Crowdfunding no ar

Em viagem pelo sul dos EUA e México para esquentar os motores, a nova formação já prepara novo álbum, em fase de captação via crowdfunding (veja).

“Estamos fazendo crowdfunding  no www.embolacha.com.br. O som é o mesmo Autoramas de sempre, mas acho que mais refinado, amaciado – e em alguns momentos até mais pesado / noise também”, observa Érika.

"As vozes estão remetendo  às vezes ao B52's, que sempre foi uma referência pro Autoramas e muitas vezes um comparativo do público com a minha voz (a maioria das críticas, quando a Penélope surgiu, usava essa referência", lembra.

"Não esperávamos que fosse tão bem aceito por todos, os comentários têm sido os mais carinhosos, tipo: quarteto fantástico, heróis do rock... adoramos!", congratula-se.

Para dar um gostinho, a banda já gravou e soltou no Soundcloud três músicas: Rolo Compressor, Verão e uma bela releitura do clássico sessentista Be My Baby (The Ronettes).

Em Austin, o novo Autoramas chamou a atenção da galera: “O público está nos recebendo de forma espetacular. Fizemos dois shows no SxSw e os comentários pós-show são sensacionais. Ontem pegamos um no Twitter – de um escritor inglês – dizendo que nosso show tinha sido a melhor surpresa do festival”. (Veja aqui.)

"Eu nunca tinha tocado no SxSW e nem no México, já o Autoramas fez o maior festival da América Latina o Vive Latino e voltamos agora para 4 shows: festival Ubíquo em Guadalajara, 2 na cidade do México e Toluca", conta.

E antes que perguntem: Érika continua a carreira solo – e também no projeto paralelo Lafayette & Os Tremendões.

“Minha carreira solo segue com força total também! No segundo semestre sai o meu primeiro DVD, um programa Tô Chegando, dirigido por Dadá Burger pro Canal Brasil. Metade documentário contando a minha história e a outra parte, show ao vivo num estúdio - até refiz o dueto de In Between Days com o Herbert Viana e foi lindo! Também lançaremos um disco de inéditas com o Lafayette & Os Tremendões! Como sempre, vai tudo se completar e coexistir da melhor forma! ”, conclui.

www.soundcloud.com/autoramasoficial



NUETAS

Teenage, Jonsóns, HAO

Teenage Buzz, Os Jonsóns e HAO fazem show no Dubliner’s sexta-feira, 22 horas, R$ 15. Big Bross discoteca.

Caymmi festival free

Sábado e domingo rola mais uma edição do Festival Caymmi de Todas as Músicas, com shows de concorrentes ao Troféu Caymmi. Desta vez é no Jardim dos Namorados. Sábado tem Desrroche, Tabuleiro Musiquim, Suzana Bello e participação de Fábio Cascadura. Domingo: Manos Preto, Neto Lobo & A Cacimba, Sertanília, Maviael Melo e participação da Banda de Boca. 17 horas.

Doom gothic sunday

Fãs do metal, compareçam domingo no Dubliner’s ao show das bandas Silent Cry (doom gothic metal, de BH) e a local Veuliah. 20 horas, R$ 20.

segunda-feira, março 23, 2015

"CANTIGAS DE GARAGEM" TRAZ BANDA DE FÔLEGO RENOVADO

Mesmo sem plateia no estúdio, novo DVD do Raimundos é uma paulada

Raimundos 2015: Digão, Caio, Marquim e Canisso. Foto Cesar Ovalle
Enquanto uns se arrependem e se ajoelham em busca do perdão divino, outros se mantém de pé na tempestade, um sorriso sacana nos lábios.

Felizmente, os Raimundos remanescentes Digão e Canisso pertencem ao segundo grupo, como se pode ver no novo DVD ao vivo Cantigas de Garagem.

Ao lado dos membros mais recentes Marquim (guitarra) e Caio (bateria), a resistente dupla, original de uma das bandas mais importantes do rock brasileiro nos anos 1990, segue firme e forte em um cenário completamente diferente do daquela época.

Se a cena já é outra, o mesmo não se pode dizer da pegada hardcore brutal do quarteto, que surge afiadíssima nesta gravação ao vivo em estúdio, crua e direta, mas sem a presença de plateia.

“Isso era algo que nunca tínhamos feito, rolava essa vontade de mostrar a banda mais detalhadamente”, conta Digão, por email.

Em 17 faixas, a banda  apresenta o repertório completo do seu último álbum, Cantigas de Roda (2014) e, claro, clássicos como Bê a Bá, Esporrei na Manivela, Eu Quero Ver o Oco e Puteiro em João Pessoa.

Já em Dubmundos, ska punk envenenado, o quarteto recebe a ilustre participação (previamente gravada) do rapper Sen Dog, do grupo norte-americano Cypress Hill, sucesso na malucada nos anos 1990.

Faixa de Cantigas de Roda, a versão original de Dubmundos já contava com o rapper, conta Digão: “Dubmundos era a única música que não estava pronta quando fomos gravar em Los Angeles”.

“Queríamos uma participação gringa e durante as gravações, o Billy (Graziadei, vocalista da banda Biohazard e produtor do disco) convidou o Sen Dog pra dar uma sacada no trabalho. Tínhamos algumas opções, mas no final optamos pelo Sen Dog,  que mandou bem demais”, relata.



Apego à raiz punk rock

Lançado no início do ano passado, Cantigas de Roda foi o álbum que marcou uma espécie de retorno definitivo da banda ao cenário nacional, com um novo trabalho lançado por gravadora major (Som Livre), aparições em programas de TV e grandes festivais.

Digão conta que esse retorno é uma espécie de união entre trabalho duro e persistência.

“E ainda fizemos isso com pouco dinheiro! Vendo pelo panorama desse mercado que é muito mais vendido do que antigamente, sinto-me muito orgulhoso pelo que conseguimos! E ainda tem muita água pra passar debaixo dessa ponte”, afirma o músico.

Quanto a parceria com a gravadora, ele conta que “a Som Livre tem mostrado trabalho e é o que queremos. Estamos com uma ótima distribuição e propaganda aonde há muito não aparecíamos”, vê.

“Estar com o pé no chão é o melhor caminho pra longevidade, por isso estou achando bom estar numa grande gravadora agora. Talvez antes não fosse a hora certa. Mas continuamos o nosso trabalho independente, assim todos se ajudam e a coisa anda”, diz.

Não que aqui e ali o grupo não ouça propostas indecorosas dos empresários: “Antes de gravar o Cantigas, fomos em algumas gravadoras e ouvimos essa história”, confirma.

“Mas ninguém melhor que nós mesmos pra saber que seria um tiro no pé. Prefiro mil vezes ser fiel as minhas raízes que correr atrás de um sucesso barato e passageiro”, afirma.

Mulher de Fases no trio

Famosa mesmo entre quem não é exatamente roqueiro, o Raimundos, não custa lembrar, já foi sucesso até no carnaval de Salvador (em 2001), quando o hit Mulher de Fases foi tocado por nove entre dez trios elétricos na avenida.

“Devido ao sucesso que foi na época, isso era uma coisa inevitável, nunca me importei! Tá na boca do povo, tá com Deus”, felicita-se Digão.

E esse repertório mais pop segue no play list da banda: “Não fomos nós que renegamos o passado. Mulher de Fases, A Mais Pedida e 90% ou mais das músicas dos Raimundos é de minha autoria e do Canisso também, então não vejo mal algum. Imagina os Rolling Stones não tocarem Satisfaction nos shows?”, ri.

Ao longo deste ano, a banda deverá trabalhar na divulgação do DVD, mas em 2016 volta com trabalho inédito: “Acredito que novidades somente em 2016. Agora o que vai ser não posso dizer. E se o fizesse, teria que lhe matar depois”, brinca o band leader.

Enquanto isso, esperam voltar à Salvador: “Por mim o mais rápido possível. Salvador tem uma alma roqueira forte apesar de ser a terra do Axé! Amo tocar aí, só estou esperando os convites”, conclui.

Cantigas de Garagem / Raimundos / Som Livre / DVD: R$ 27,90 / CD: R$ 19,90 / www.raimundos.com.br/ www.somlivre.com.br

quinta-feira, março 19, 2015

PODCAST ROCKS OFF BATE UM PAPO COM ÁLVARO TATOO

Álvaro Tatoo
Nesta edição especial do seu podcast Rocks Off, Nei Bahia e Osvaldo Braminha Silveira batem um papo com o tatuador baiano Álvaro Tatoo Medrado, líder da banda Motrícia.

Recentemente, o vocalista Leonardo Leão optou em deixar a banda – tudo de boa, por questões pessoais. No seu lugar, entrou outra figura icônica da geração noventista do rock local, o performático Jorginho King Kobra. Relatos de quem já viu o show dão conta de um som poderoso, sem espaço pra frescura.

No podcast, Álvaro, figura educadíssima e gente muito fina, fala da banda, da relação entre tatuagem, rock e cultura pop, seu apoio a cena local etc e tal.



Bônus: ouça o fodástico álbum da Motrícia, ainda com nosso brother Leonardo Leão no vocal.

terça-feira, março 17, 2015

AH, MEUS 20 E POUCOS ANOS...

Quolé, man! Vai rolar uma festinha massa na cantina da minha faculdade. Meus bróder tem uma banda, vão tocar e tudo. Só rock 'n' roll, véio. Cerveja barata e gelada, umas gatinha na área, a fumaça é liberada, os maluco são gente boa. Pinta lá no fim da manhã que o negócio vai direto, até de noite. Sério, vai ser do caralho, tô te dizendo! A gente se bate lá!

BILIC ROLL, DE LAURO DE FREITAS, FAZ ROCK MISTURADO COM ROCK E MAIS ROCK. ETA, MISTURA BOA

Rapaziada da Bilic Roll, foto: Ygor Oliveira
Se o colunista blogueiro fosse daquele tipo de jornalista movido a hype (que coisa mais demodê, aliás), o power trio Bilic Roll seria imediatamente elevado à “melhor banda de todos os posts da última tuitada”.

Como isso seria um desserviço a banda e esse papel não me cabe mais – até pela minha idade, entre outras razões – me limito a dizer que fico contente em ver que, nesta terrinha jeca, ainda surgem bandas bacanas de rock ‘n’ roll puro e simples, sem pretensões hipsters vazias, como misturar axé com pagode, arrocha e música do leste europeu – e ainda achar que isso significa algo.

Com pouco mais de  um ano de existência, a Bilic Roll lançou há pouco tempo seu primeiro registro, o EP Ninguém Me Aguenta Mais (Big Bross - Brechó): meia dúzia de canções fervilhando de tesão juvenil, tédio, speed, influências dos 60’s e guitarras no talo.

Meu baixo pelo seu game 

A história de como eles se juntaram não poderia ser melhor: “Estudei com Vítor, o baixista”, conta Ariel, guitarra e vocal.

“Ele não sabia tocar. E eu já tinha outra banda. Aí quando ela acabou, chamei ele para se juntar à mim”, continua.

“Eu já tinha um baixo, que troquei pelo video game dele. E aí começamos”, conta.

Depois de incluírem Rugolo Dalaneza na bateria, os três rapazes começaram a compor e ensaiar. Logo se inscreveram para tocar no palco do Verão Coca-Cola.

“Isso foi em janeiro de 2014. Então  fizemos um ano de banda. Desde o início, falei que a  gente não vai ficar parado, vamos fazer banda pra se jogar”, afirma Ariel.

Desde então, o trio já fez diversos shows em Salvador e arredores: Lauro de Freitas, Camaçari, Feira de Santana.

“Estamos com proposta para subir o Nordeste até Natal, fazendo show pelas capitais. Vamos provavelmente em dezembro”, conta.

Sábado tem o show de lançamento do EP, no Dubliner’s. No dia seguinte, show no festival Vida Rock Nova (Lauro de Freitas) e dia 4 em Camaçari, no  Altenative-se.

Go, Bilic!

Show de lançamento do EP Ninguém me aguenta mais / Com Bilic Roll, Declinium, Rivermann, Canalhas Rock e Cartel Strip Club / Dia 21 (sábado), 22 horas / Dubliner’s Irish Pub / R$ 10 / Pague R$ 20 e leve o EP



NUETAS

Saint Patrick’s day 

O Quanto Vale o Show? de hoje comemora o tradicional dia de São Patrício, padroeiro da Irlanda. Vale lembrar que o Pub é Dubliner’s Irish (irlandês, de Dublin). No palco, Abismo Solar (Sabbath cover), Quinto dos Infernos e Poor Boys (Creedence cover). 18 horas, pague quanto puder.

Retro–Visor na rua

O Retro_Visor, power trio liderado pelo vibrafonista Antenor Cardoso, tem ocupado a praça da Rua Fonte do Boi aos domingos. Som de primeira, para ouvir com os pés no chão. 16 horas, colabore se puder.

Punk rock na creche

A bandas de HC / punk rock Tiro na Rótula, No Easy, RFG 96, Distrito 87 e Sbornia Social fazem som domingo, na Creche Escola Frutos de Mãe (Rua Lopes Trovão 107, Massaranduba). 13 horas, R$ 5, mais um quilo de alimento.

sábado, março 14, 2015

BOA MÚSICA NO PARAÍSO

Festival Música em Trancoso atrai atrações de primeira linha do erudito, jazz, MPB e até do tango, para concertos em teatro próprio

Trio Moda Tango e convidados, de Nestor Marconi . Fotos Jean de Matteis 
Chega neste sábado, 14, ao último dia a quarta edição do festival Música em Trancoso, uma bela iniciativa que leva concertos de música erudita, MPB e jazz ao charmoso distrito de Porto Seguro, bem frequentado pelo jet set.

Com oito dias de atividades entre concertos, masterclasses e aulas de iniciação musical, o MeT tem suas atividades concentradas no impressionante Teatro L'Occitane Trancoso (leia mais sobre ele aqui), construído especialmente para o festival.

Inaugurado no ano passado, a casa ainda busca estabelecer outras atividades ao longo do ano.

O festival é criação da alemã Sabine Lovatelli, uma charmosa sessentona, que aos 25 anos empreendeu uma fuga espetacular da Alemanha Oriental ao lado de um italiano - Carlo - que havia conhecido um dia antes e com quem se casou uma semana depois. (Veja sua incrível história de vida aqui).

No Brasil desde 1971, criou a Associação Cultural Mozarteum Brasileiro, o qual produz o Música em Trancoso - com patrocínio da marca francesa de cosméticos que dá nome ao teatro, mais um punhado de outras multinacionais (cujos diretores tem casa em Trancoso), via leis de incentivo do Ministério da Cultura.

"Era mais uma ideia de criar um evento para ajudar a população local a driblar a sazonalidade e prolongar a alta temporada", conta Sabine.

"Para as pessoas gostarem, criamos uma programação simpática. Então começamos no clássico, depois bossa, jazz, essa semana tem tango. Nosso critério é que seja muito bem classificado, que sejam músicos de primeira linha", afirma.

Garimpando talentos
Teatro L'Occitane Trancoso, projeto do arquiteto François Valentiny, de Luxemburgo 
De fato. Este ano, o MeT trouxe duas orquestras (Experimental de Repertório e Sinfônica de Ribeirão Preto), mais 31 nomes consagrados do erudito, jazz, MPB e até do tango, como Vesselina Kasarova (cantora lírica), Benoit Fromanger (maestro), Joe Locke (vibrafonista), Fabiana Cozza, Paulinho da Viola, Nestor Marconi (bandoneonista argentino) e muitos outros.

Além de tocar nos concertos, os músicos ministram masterclasses gratuitas, para as quais acorrem jovens instrumentistas do Brasil inteiro.

Na segunda-feira, ao encerrar sua masterclass, o violinista romeno Lorenz Nasturica-Herschcowici estava radiante ao lado de dois jovens - um rapaz e uma moça - de São Paulo.

"Preciso falar com Sabine. Ela precisa encaminhar esses dois para uma bolsa na Filarmônica de Berlim", disse à reportagem.

"Já descobrimos uma menina da Bahia, esqueci o nome dela", conta Sabine. "Foi nas masterclasses do primeiro ano. Eles me falaram, 'essa é boa, tem talento, vale a pena investir'. Agora ela já está no segundo ano na Academia da Filarmônica de Berlim, pois consegui esta bolsa para ela", afirma.

Cesar Camargo e Paulinho da Viola, na segunda-feira dia 9.03 
Cesar convida Paulinho

Também na segunda-feira o MeT abrigou, provavelmente, o dia mais concorrido desta edição.

Não era para menos: era o dia de Cesar Camargo Mariano, curador de duas noites desde o início do festival, receber Paulinho da Viola no palco.

Com a classe e a graça de sempre, o mestre maravilhou o público com belas interpretações de sucessos (Sinal Fechado, Foi um Rio que Passou em Minha Vida) e canções menos conhecidas (Retiro, Onde a Dor Não Tem Razão).

No dia seguinte, Paulinho falou ao Caderno 2+ sobre a ocasião: "Quando o Cesar me ligou falando do projeto, eu topei na hora", disse.

"A participação do público, o teatro fantástico, é uma coisa assim - foi uma surpresa agradável. O ideal é que tivéssemos projetos assim em vários pontos do país, em cidades que não são as capitais, levando arte, interação, aulas, com um público diferente. Isso é muito importante", vê.

Responsável pela ida de Paulinho à Trancoso, César Camargo ensaiava com sua banda á beira da piscina de uma pousada quando falou com a reportagem: "O relacionamento com o festival Música em Trancoso começou uns quatro ou cinco anos antes do primeiro (ano do festival). Portanto, participei de toda a filosofia da coisa", conta.

"Até que a Sabine teve a ideia de me dar uma noite. No decorrer, ela teve a ideia também de fazer a segunda noite com convidados, o que achei ótimo. Então esse é o meu envolvimento com o festival, desde o primeiro", afirma.

"Como ela me deu liberdade total, parto da ideia de informar, trazer cultura. Não teria sentido fazer uma noite, por mais que tenha rótulo de Noite Bossa Nova, e abrir tocando O Barquinho, que todo mundo já está cansado de ouvir", conclui.

O repórter viajou a Trancoso a convite da organização do evento

ENTREVISTAS

Paulinho da Viola

Como o senhor recebeu este convite do César (Camargo Mariano)? Festival em Trancoso? O senhor não estranhou, não?

Paulinho da Viola: Eu já conhecia Trancoso, mas por gentileza de um amigo, que me cedeu a casa de um outro amigo, ele estava hospedado lá e eu vim, achei lindíssimo. Passeamos muito e tudo. Isso tem alguns anos. Quando o Cesar me ligou falando do projeto, o objetivo maior do projeto e tudo, me convidou e eu topei na hora. "Olha, tudo bem, vamos fazer". Primeiro eu não via o César há muito tempo. Segundo, o que ele me falou do projeto foi isso mesmo: a participação, o teatro fantástico, é uma coisa assim, foi uma surpresa agradável, fiquei surpreso, por que você não espera. E a participação do público que é... tem pessoas de fora também, mas tem muita gente do local também, que vai. Eu acho que isso pode - já resultou num projeto muito interessante, que vai certamente despertar a atenção de muita gente e o negócio é daqui pra frente, como vai ser. Por que, com toda razão, todo mundo vai querer participar de um projeto desse, claro. E o ideal é que tivéssemos projetos assim em vários pontos do país, feito dessa forma em cidades que não são as capitais, levando a arte, essa coisa da interação, as aulas, com um público diferente, isso é muito importante.

O senhor é um sambista, sua base é o samba e o choro.

Paulinho da Viola: Isso, o choro.

Mas por exemplo, Sinal Fechado não é um samba, né?

Paulinho da Viola: Não.

Ela é assim, uma música... incrivelmente vanguardista. (Risos) Na minha modesta opinião, claro. Parece que foi escrita ontem ou vai ser escrita amanhã.

Paulinho da Viola: (risos) É verdade.

O senhor tinha consciência disso?

Paulinho da Viola: Não, eu não tinha essa consciência. O processo de feitura de Sinal Fechado passa por algumas coisas. Primeiro, na época... três coisas eram muito importantes. Primeiro, os festivais de música. Os festivais, os autores de minha geração - e de outras gerações também, mas principalmente o pessoal jovem, de minha geração na época, queria fazer coisas diferentes. Quando você ia para um festival, você queria uma ideia diferente, queria propor alguma coisa, isso era normal e muitos artistas fizeram isso.

Havia um estímulo a criatividade.

Paulinho da Viola: Ah, havia, um estímulo - e o festival estimulava isso. Segundo, esse grupo também, do qual eu fazia parte, eu já vinha estudando música. E aí eu me interessei mais por estudar música. Tiver professores e é claro que, se você tem um professor com uma formação diferente da sua, ele não só se interessa pela sua formação, ele quer saber como é o seu mundo, né? A minha professora era um pouco assim. Ela veio de uma outra formação entendeu? Chamava-se Esther Scliar, foi professora de vários músicos da minha geração. E de repente está diante de um aluno que vem de choro, do samba, de escola de samba. E isso foi muito - eu acho, certo? Isso foi muito bom pra mim e muito bom pra elas. Nós trocamos o conhecimento técnico dela e eu falando de minhas origens, o que eu fazia e tudo. Isso foi muito legal pra gente, muito legal. Infelizmente, ela faleceu muito cedo, mas enquanto convivemos, foi muito importante para mim. E depois, havia aí já de uma forma inconsciente que isso oi feito, eu tinha um amigo que, volta e meia, ele cruzava comigo. Isso foi de 1969 para 70. Ele cruzava comigo, mas não falava nada. Eu tinha convivido muito com ele antes. Ele dizia: "olha, tenho uma coisa muito importante pra te falar". Mas eu ficava assim, "puxa!", esperando que ele falasse.

Nunca havia tempo?

Paulinho da Viola: Não havia tempo, era sempre correndo, e "olha, a gente precisa conversar, tem umas coisas aí". Era sempre assim. Era um momento de grande tensão, de medo, de uma série de coisas, né? E aquilo me marcou muito. E a primeira ideia que eu tive para fazer essa música foi levar em consideração isso: duas pessoas que querem falar e não conseguem. Primeiro eu imaginei - eu tive assim uma espécie de um sonho, né, que eu estava dentro de um ônibus e tinha uma pessoa na frente do ônibus, um ônibus cheio e a pessoa queria falar comigo e não conseguia. E saltava do ônibus, o ônibus partia, ela ficava me dando adeus, querendo falar e não conseguia, por que eu também não conseguia sair do ônibus. Isso foi uma visão ou foi um sonho, eu tenho uma impressão que foi um sonho, por que eu sei exatamente onde aconteceu, toda vez que eu passo ali eu me lembro disso. E depois isso evoluiu para a coisa do sinal. Aí já é o processo de você começar a tocar e essas coisas vão se arrumando, vão se arrumando. Em vez do ônibus cheio, não sei o que, eram duas pessoas que se encontram num sinal e uma quer falar com a outra, é claro que no sinal você está preocupado se o sinal vai abrir ou vai fechar e você não consegue falar praticamente nada. Você fala, "Olha, me liga depois", não sei o que. A ideia era essa. E é claro que aí estava a minha preocupação com essa coisa dos dois amigos que não conseguem se falar.

A incomunicabilidade.

Paulinho da Viola: A falta de comunicação, né? A impossibilidade de uma comunicação mais efetiva. Então, muito tempo depois, algumas pessoas vieram dizer - ah, outra coisa: quando ela foi feita, foi em forma de canção. Eu posso inclusive cantar essa música como se fosse uma canção. Mas aí depois eu falei "não, a canção vai ser uma coisa dolente demais". Ela já foi gravada muito lentamente, isso vai ficar... não vai dar essa ideia de tensão que eu gostaria, que são duas pessoas que tentam se comunicar, tentam falar e tudo e não conseguem e jogam para um futuro. "Ah, a gente vai se ver, me procura" e tal. Aí eu adotei essa forma do arpejo, com alguns intervalos, entendeu? Que davam um pouco essa ideia dessa tensão. Com alguns intervalos, a segunda menor e tudo, os silêncios também. A ideia foi essa. Mas eu não tinha consciência (de que era uma composição de vanguarda). Eu sabia que estava fazendo uma coisa diferente daquilo que eu fazia. Mas não era... Algumas pessoas depois falaram "poxa, você fez uma coisa que era talhada para aquele tempo que a gente vivia". Tive um amigo que me falou isso e era exatamente isso. Aí que eu tomei essa consciência, foi um negócio meio inconsciente. Não tive a menor intenção de fazer uma música que definisse, retratasse ou dissesse "olha, nosso tempo é esse e tal". Não, eu não tinha essa intenção.

César Camargo Mariano

Como começou seu relacionamento com o festival? Você é curador de uma noite específica desde a primeira edição.

César Camargo Mariano: O relacionamento com o festival Música em Trancoso começou uns quatro ou cinco anos antes do primeiro (ano do festival). Portanto, participei de toda a filosofia da coisa. Por que eu tenho, temos um relacionamento muito bom, Sabine e eu, há muitos anos já. E sempre ela conversou comigo sobre isso e tal, "olha, eu tô com vontade de fazer assim, de convidar não sei quem para fazer um teatro, o arquiteto não sei quem, o cara que vem lá da França"... Enfim, sempre conversamos isso, mas muito antes do festival, então eu me sinto parte de tudo que acontece aqui. Até que por fim, ela teve a ideia de me dar uma noite. No decorrer, ela teve a ideia também de fazer a segunda noite com os convidados, o que eu achei ótimo. Então esse é o meu envolvimento com o festival, desde o primeiro.

Quando você planeja uma noite dessas, qual é o seu ponto de partida? Você parte de um artista, uma ideia?

César Camargo Mariano: Como ela me deu liberdade total, parto sempre de se fazer um link absoluto dessa filosofia, de não fugir dela. Que é informar, formar cabeças, trazer cultura. Então não tem sentido eu fazer uma noite, por mais que tenha esse rótulo de "Noite Bossa Nova", e digamos, abrir tocando com temas da bossa nova, O Barquinho, coisas que todo mundo já está cansado de ouvir, por que aí eu não estou informando, não estou trazendo nada de novo, não estou evoluindo a cultura em hipótese alguma. Você trazer... axé... trazer essas coisas populares de baixo nível não faz sentido. Então eu sempre parto - dentro dos meus parâmetros, do meu entendimento - de um nível um pouco maior - um pouco, não, bastante maior, compatível com o festival. Por que não me interessa ter uma noite exclusiva deslocada da ideia toda do festival. Tanto essa primeira noite, quanto a segunda. Então esse é o meu trabalho, que resolvi por mim mesmo, de seis meses por ano trabalhar nessas duas noites. Larguei tudo para fazer isso. Durante seis meses, eu me dedico a isso. Por que Ivan Lins (ano passado), por que Leny Andrade (2013), por que Noel Rosa, Paulinho da Viola - eu sempre achei o seguinte: numa noite dessas, é importante mostrar para esse povo o potencial de um músico e o potencial de um compositor, um cantor, um intérprete. Mas não tocando as músicas que as pessoas estão acostumadas, mostrando um outro lado. Então eu chego para o Paulinho ou para o Ivan e pergunto "que música que você gosta, me fala uma música que você adora de outros compositores?". A primeira que vem na cabeça, é com essa que a gente abre a noite. "E outra"? Essa também. É sempre um lado b do artista, que ele não costuma canta, que invariavelmente são músicas ricas que propiciam arranjos novos, leituras diferentes em termos de arranjos, interpretação. Paulinho falou "ah, eu gosto de uma música chamada Retiro". Eu estudei a música e tudo mais. "Olha, vamos fazer com o andamento na metade, bem lenta". Ele, "ah, vamos experimentar". A gente vem pra cá, ficamos quatro cinco dias aqui, nesse lugar maravilhoso, ensaiando, "laboratoriando" essas coisas. Isso é muito rico para todos. "Ah, não sabia que podia ficar assim a música e tal". Nem eu sabia, apesar de ter elaborado os arranjos, mas a coisa vai se transformando, vai virando, a cor, o formato, o tamanho da música, esse laboratório, esse festival na verdade propicia isso, o que é muito rico para todos nós que participamos. Os músicos estrangeiros que vem, não só os eruditos, os populares, sempre trago um de fora, esse ano foi o (vibrafonista norte-americano) Joe Locke, ano passado foi um harpista uruguaio, cada ano uma coisa assim, são conteúdos muito ricos que você pode dar para as pessoas, é o que eu procuro fazer dentro da filosofia do festival. By appointment (a pedido) da Sabine, evidentemente.

No show, você estava contando que tocou com Elizeth Cardoso (cantora que gravou as primeiras canções de Vinícius de Moraes e Tom Jobim), além de um episódio nos anos 1960 durante uma viagem em grupo para o Senegal em que o pessoal do samba da velha guarda ainda tinha uma certa resistência com a bossa nova, quer dizer: você pegou justamente este momento de transição do samba canção para a bossa nova, estava ali no momento da coisa. Era uma revolução necessária, as pessoas estavam esperando por uma coisa nova?

César Camargo Mariano: Não, não foi assim... consciente, programado. O que tinha de concreto nisso tudo, de palpável, é que os músicos mais novos que estavam começando, já naquela época já tinham uma informação um pouco mais ampla do que os criadores anteriores. Isso independente de gênero. O jovem de 14, 15 anos de idade que se interessava por música, já começava com uma informação mais ampla. Isso geralmente vinha dos Estados Unidos, da Europa. Você ligava o rádio ou ia numa loja de discos e encontrava uma "livraria" muito grande de coisas, você tinha acesso ao jazz, aos musicais da Broadway, trilhas de cinema que traziam coisas incríveis e chamavam nossa atenção. A gente saía do cinema e ia para casa, ávido por aquele som e não tinha. Aí pegava o violão e ficava tentando resolver aquela aridez, uma certa saudade que não tinha nada a ver com tempo, saudade daquilo que você não tem e nem sabe como ter. Isso fazia a gente se reunir nas casas dos outros no bar, o bar fechava cinco da manhã e você continuava lá ao piano, no violão, tentando resolver aquilo. Muita gente fala que foi um movimento da MPB, ou da bossa nova, mas não foi uma coisa pensada, aconteceu naturalmente, primeiro no Rio, depois São Paulo. Então muitos deles falavam daquela música que papai ouvia com uma coisa retrógrada que ninguém mais fazia não era mais tempo de Nelson Gonçalves,de Pixinguinha, Orlando Silva, de orquestra sinfônica, de grandes orquestras, isso passou. Agora é isso aqui, música mais intimista, mais elaborada, harmonia mais bonita e... não sei o que. Então eu digo que pintou um muro ali, dividindo essas duas coisas e só muito mais tarde isso começou a ser derrubado. Isso me incomodava muito. Aí quando fomos ao Senegal, a trupe que foi era mais do outro lado do muro, tradicionalista, eu achei ótimo, minha formação era aquela, desde moleque. Comecei a tocar jazz por causa daquilo e comecei a evoluir junto com a bossa nova por causa daquilo. Então eu não concordava então achei bonito quando fomos convidados a participar juntos no Senegal e no dormitório eu comecei a tocar uma música deles e de repente eles vieram e se aproximaram para cantar junto. Porra, o que está acontecendo aqui?

Sabine Lovatelli

Como é chegar a quarta edição, como está o desenvolvimento do festival?

Sabine Lovatelli: Melhor do que eu sonhei. Quando começamos, era uma ideia alguns amigos entusiastas que queriam fazer, fizemos o teatro antes mesmo de ter uma programação era investido, era no campo de golfe um palco provisório. Mas ficou ótimo aqui, não tem barulho carros nada. No primeiro ano, eu não sabia como ia ser a receptividade do público, não sabia nada. Era mais uma ideia de criar um evento para ajudar a população local de driblar a sazonalidade e prolongar a alta temporada. Ai fiz um programa a cada dia um tipo de musica, a música clássica festiva, ainda continua assim. Para as pessoas gostarem, criamos uma programação simpática, fácil de ser seguida. Então começamos no clássico, depois bossa, jazz, essa semana tem tango nosso critério é que seja muito bem classificado, tem que ser músicos de primeira linha, por que eu me conheço. Quando eu era criança, se eu não gostava de uma coisa, nunca mais queria fazer. Isso aqui é para ser gostado. Para jovens e iniciantes da música se entusiasmarem e quererem saber mais, este é nossa intenção. criar um evento acessível a todos e que desperte interesse, justamente também nos jovens da comunidade, queremos essa população local aqui também. Esse ano é o quarto já, e muita gente diz que quando você passou do quarto ano, é que o negócio veio para ficar. Geralmente não dura mais que dois ou três, se dizem isso fico feliz.

Cada noite tem um perfil, né?

Sabine Lovatelli: Sim, na segunda, 10, foi bossa nova, foi o Cesar que faz a curadoria dessa noite, ele fez sozinho.

A senhora passa alguma orientação para ele?

Sabine Lovatelli: Não, eu não interfiro. Eu só procuro um solista como o Paulinho da Viola, mas em conjunto com Cesar. Ele propõe alguns e eu vou atrás, por que tenho que fazer o contrato.

O teatro tem vida ao longo do ano, outra programação além do festival?

Sabine Lovatelli: Ele vai ter, aos poucos. Mas como te digo, começamos com o teatro depois da programação. A gente só criou o festival por que queriamos dar isto para a população daqui e agora temos um teatro que ninguém imaginou, ele é perfeito - não só aqui no auditório, ele é perfeito atrás, também, nos camarins, tem orchestra pit, nós podemos fazer ópera aqui. Ele está totalmente inteiro, preparado para tudo, qualquer ocasião. É um super teatro, e queremos criar mais também. Mas a minha preocupação primeira é sempre com a educação. Isso eu faço no Mozarteum e quero fazer aqui também, então eu quero criar outras programas, que sejam por exemplo, uma academia a de canto. No fim de junho vamos ter aqui a Schleswig-Holstein com coro e professores e maestro e queremos divulgar isso para trazer alunos do Brasil inteiro virem ter aulas com esse pessoal do maior festival da Alemanha com quem temos parceria e mandamos já há muitos anos, jovens cantores que descobrimos em São Paulo, no Rio e tudo. Temos alguns bolsistas lá todo anos, acho que este ano foram nove. Quem começou lá foi Josy Santos, que cantou ontem esse é um produto Schleswig-Holstein. é uma excelente escola, eles vem aqui vamos dar aulas de graça, espero que muitos jovens brasileiros venham aqui aproveitar isso.

Vi uma masterclass do Nasturica e ele separou dois jovens violinistas, que ele queria te apresentar para a senhora encaminhar para estudar na Alemanha.

Sabine Lovatelli: Aqui descobrimos uma menina da Bahia, esqueci o nome dela. Foi nas masterclasses do primeiro ano. Eles me falaram, "essa é boa, tem talento, vale a pena investir, já está no segundo ano na Academia da Filarmônica de Berlim, consegui esta bolsa para ela, está indo muito bem e já está até substituindo músicos da orquestra principal. Já estudou com grandes regentes.

A senhora vê este teatro abraçando a comunidade, trazendo também outros tipo de programação?

Sabine Lovatelli: A gente tenta claro, Gostaríamos de fazer muito mais, mas tudo depende de patrocínio. O ideal seria que o teatro trabalhasse o ano inteiro. Mas se a ghente faz um festival de cinema, um festival de jazz, tudo isso podem ser eentos separados, mas tem que ter patrocínio e outra curadoria. Por que eu estou com este festival e eentualmente as academiass e ass auklas, que sçao o que eu gosto, mas as outras coisas tem que ter patrocínio por si mesmo, aí a gente praticamente aluga o teatro.

Por que Trancoso?

Sabine Lovatelli: Por que a gente gosta. Nós temos casa aqui e também o da L'Occitane, ele tem casa e juntos queremos fazer algo pela região. Depois, do Natal ou ano novo aqui cai muito o movimento as pousadas caem o faturamento, o comércio cai, então queremos trazer desenvolvimento.

quinta-feira, março 12, 2015

SAUDADES DA LOS CANOS? OUÇA UINE, NOVO PROJETO DO BAND LEADER PENNA

Fabiano, Penna (com Dylan na cara) e Cury . Foto Glauco Neves
Uma das bandas mais legais do rock baiano em todos os tempos – sério mesmo – foi a Los Canos, que infelizmente acabou pouco depois de lançar seu primeiro e único álbum, Cada Dia Mais Limpo e Romântico (2007, Läjä Records).

Adorável mix de Ramones, Wander Wildner e Odair José, a Los Canos marcou época e deixou saudades com suas letras hilariantes, românticas e falsamente ingênuas.

Os anos se passaram e o band leader Eduardo Penna volta agora ao circuito – ou quase.

Residente em Brasília, ele soltou na internet no mês passado o EP de sua nova banda, Uine. É o quê?

“É que antes o nome da banda era Uinedeuprapou (Winnie Deu pra Paul), uma piada com os personagens de Anos Incríveis (o seriado)”, conta.

“Como ficou muito longo, deixamos só Uine”. Ah, tá.

Zero de expectativa

Produzido por Jorge Solovera, o EP intitulado 20 Minutos, 7 Músicas, 3 Acordes, 1 Refrão, está no Soundcloud e bate um bolão, mostrando que Penna não perdeu a mão dos tempos da Los Canos.

“É, eu tento fugir, mas ficou meio parecido. É muito louco, isso”, repara.

“Na minha cabeça, era um som um pouco mais elaborado tipo (as bandas) Ash e The Subways”, cita o músico.

Fabiano, Cury (com boneco na cabeça) e Penna. Foto Glauco Neves
“Eu tinha parado de tocar, mas  tinha a ideia de voltar em algum momento – mas só por diversão mesmo, zero de expectativa e compromisso, música pela música. Só que, para dar certo, tinha que ter gente na mesma vibe”, conta.

Entram em cena dois macacos velhos do rock local: o baterista e escritor Ricardo Cury (brincando de deus, Zecacurydamm) e o baixista Fabiano Passos (A Sangue Frio).

“Agora que estou com a vida resolvida, pude voltar a me divertir com música. Hoje vejo que tomei a decisão certa (ao sair da Los Canos)”, afirma.

Com o disquinho on line, o trio ainda não sabe quando faz show de lançamento, já que Penna não mora mais aqui, mas uma hora vai rolar.

“Pelo menos um show de lançamento vai rolar, vamos até aproveitar e gravar em vídeo para registrar e botar na internet. Acho que no máximo em dois meses eu vou a Salvador fazer isso”, promete.

“Nosso plano é gravar mais sete faixas. Íamos gravar tudo de vez, mas garantimos as que já estavam prontas”, conta.

sexta-feira, março 06, 2015

PODCAST ROCKS OFF EM MAIS UMA SESSION DE LANÇAMENTOS

Quem não ama Aerosmith nos 70's não tem coração, man!..
Nesta edição do Rocks Off, Nei Bahia, Osvaldo Braminha Silveira e este blogueiro contam o que andaram ouvindo de interessante a nível de lançamentos.

Rola Charlatans, Waterboys, Rhiannon Giddens, Inspiral Carpets, Father John Misty, Alabama Shakes, mais algumas paradas que não lembro agora e ainda a melhor banda norte-americana de todos os fucking times: Aerosmith (nos anos 1970, claro).

Mentira, isso é só para irritar a audiência.

Digo, que é a melhor banda etc. Não é.

Mas que é do caralho, é. E está no podcast com um som foda dos 70's.

Então seguraí, Ernest!



Bônus: a maravilhosa Rhiannon Giddens, puta cantora blues folk R&B que o blogueiro só foi descobrir outro dia. #Picaadjica...

CÓLERA RENOVADA

Festa punk no Dubliner’s traz a veterana banda Cólera à cidade, em noite que ainda conta com mais quatro atrações

Cólera 2015, com o jovem Wendel (3º da esq. p/ a dir.) no vocal
Pioneira do punk rock – e do movimento punk – no Brasil, a banda Cólera se apresenta  hoje em Salvador pela primeira vez, desde a perda do seu icônico vocalista, Redson Pozzi, em 2011.

Como o punk não morre, foi convocado para assumir a frente da banda o ex-roadie Wendel Barros, que se juntou aos veteranos Val (baixo), Pierre (bateria) e Fábio (guitarra).

“Me sinto privilegiado e honrado em poder dar continuidade aos trabalhos da banda”, diz Wendel.

Em Salvador, o Cólera se apresenta no Dubliner’s, com as bandas locais Pastel de Miolos e Derrube o Muro, mais os finlandeses Ozzmond e Blueintheface.

Mas o headliner mesmo é o Cólera, banda fundada em 1979 pelos irmãos Redson e Pierre, que conta com álbuns históricos na discografia, como Tente Mudar o Amanhã (1984) e Pela Paz em Todo Mundo (1986).

No repertório do show, Wendel promete “um set list regado de clássicos. E também vamos apresentar dois novos sons,  músicas do  novo álbum, Acorde Acorde Acorde”, conta.

De fã à frontman

Efetivado na banda um ano depois da morte do Redson, Wendel teve antes um longo estágio – primeiro como fã e depois como roadie.

“Conheci o Cólera em 1999, através do LP Tente Mudar o Amanhã, do meu irmão mais velho. Passei a frequentar shows e festivais punks em 2000”, relata.

O Cólera lá no iníciozinho....
"Em 2003 tive o privilégio de poder ir numa festa de aniversário de 41 anos do filho vermelho (Redson). Em 2005 o Cólera se apresentou no município do ABC de graça numa praça na cidade de Santo André, onde troquei camiseta com Redson e peguei autógrafos com a banda. Entre esse período de 2005 até 2008 fiquei sem contato com pessoal do Cólera por motivos de estudo e vida pessoal", lembra.

Em 2008, Wendel entrou em contato com Redson e foi agregado ao grupo como raodie.

"Em junho de 2008 entrei em contato com a fotógrafa da banda (Rena) através do orkut na época, e pedi que ela me colocasse novamente em contato com Redson, daí em diante além de reatar o contato, comecei a  estagiar e trabalhar como roadie no Cólera. Por três anos, tive a oportunidade e o privilégio de  viajar de norte ao sul do país aprendendo na prática os trampos de montagem de palco. No mesmo período, também fiz aulas de canto”, conta o rapaz.

“Um mês depois que Redson nos deixou, em setembro de 2011, Val e Pierre juntaram forças e decidiram continuar com a banda. Como eu já era roadie e estávamos juntos todo final de semana, naturalmente surgiu a oportunidade pra eu assumir o vocal”, diz.

Claro que não foi fácil assumir o posto de um ícone, mas Wendel conta que, no geral, foi bem recebido pelos fãs.

“A recepção foi incrivelmente positiva e acolhedora. Alguns torcem o nariz e falam que sem Redson não rola, mas sabemos  que é  de extrema importância continuar levando a mensagem de paz e conscientização para as pessoas e não deixar que o grito e a luta de uma vida inteira seja em vão”, reflete.

Para Wendel, ser punk hoje em dia é "ser você mesmo e gritar pelo seu direito de ir e vir, e se expressar como ser humano. Gritar o que  pensa sobre essa sociedade capitalista, corrupta e opressora, ser punk é lutar por um mundo melhor. 'O punk é muito forte e não está morto!", reivindica.

Como sabemos, toda boa banda punk tenta se equilibrar no fio de uma navalha, entre um som que arrebate com letras que instiguem o livre pensar, que iluminem o ouvinte. Wendel acredita que "as duas coisas juntas é uma soma muito forte,  mas o mais importante mesmo é a mensagem que a banda pretende passar. O som pode não ser bom, o que faz mesmo a diferença são as letras, que falam a realidade do nosso cotidiano e do mundo, e que serve de exemplo pra muita gente se conscientizar e lutar por uma vida e um  mundo melhor", conclui.

Cólera, Ozzmond, Blueintheface, Pastel De Miolos e Derrube o Muro / Dubliner’s / Hoje, 21 horas / R$ 20

quarta-feira, março 04, 2015

AUTORIDADE MUNDIAL DO VIOLINO: MÚSICA É ALIMENTO

Considerado um dos melhores do mundo, o violinista e regente russo Maxim Vengerov se apresenta hoje no TCA com a Orquestra Juvenil da Bahia. No programa, Tchaikovsky e Berlioz

As  duas faces de Maxim (foto: B. Ealovega): o músico virtuoso...
Orgulho baiano, os Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (NEOJIBA) recebem hoje, para um concerto com seu principal corpo orquestral, um dos maiores músicos eruditos do mundo: o violinista e maestro russo Maxim Vengerov.

No palco do Teatro Castro Alves, Vengerov atuará com a Orquestra Juvenil da Bahia tanto como solista, na peça Concerto para Violino e Orquestra em Ré maior op. 35 (Piotr Tchaikovsky), quanto como regente, na Sinfonia Fantástica: Episódio da Vida de um Artista op. 14, de Hector Berlioz.

Nesta última, o concerto passa a ser regido pelo diretor da Osba (Orquestra Sinfônica da Bahia), Carlos Prazeres.

“Recebi este convite que fiquei muito feliz em aceitar, por que nunca estive em Salvador. Já fui ao Rio de Janeiro e São Paulo, então está sendo maravilhoso”, felicitou-se o músico, por telefone, do seu hotel na cidade.

“Já tive um ótimo ensaio com eles e estou realmente ansioso pelo concerto”, acrescentou.

A peça de Berlioz, compositor romântico do século 19, parece ser uma de suas preferidas: “Esta peça foi escrita por Berlioz ainda jovem, é uma peça única, criada pós-sinfonias de Beethoven, então ele veio com um novo estilo de escrita”, conta.

“Há uma história que é toda contada pela música, portanto é uma peça dedicada à vida de um jovem artista – que aliás era bem louco e apaixonado. É uma sinfonia sobre paixão, esperança e tudo pelo qual este rapaz passa na vida”, diz.

Música e comida

...e o cara comum. Foto: Erling Mandelmann
O encontro de Vengerov com os jovens do NEOJIBA não é por acaso.

Nascido em 1974 em Novosibirsk, capital da Sibéria Ocidental, o russo foi ele mesmo um garoto que viu na música sua porta de saída da vida meio sem perspectivas que ele levaria na Sibéria, ainda sob a vigência da União Soviética.

Menino-prodígio, começou no violino aos quatro anos. Aos oito, já tinha cancha de profissional. Aos 12, já percorria a Europa dando concertos e participando de gravações. Hoje, aos 40, é referência mundial.

Ciente de que os jovens são o futuro da música clássica, Vengerov fundou, em 2006, o instituto  Musicians of Tomorrow, que faz em Israel, onde já morou por três anos, mais ou menos a mesma coisa que o NEOJIBA faz na Bahia.

“Sim, eu iniciei este programa que hoje é muito bem sucedido, formando jovens muito talentosos, quase todos de famílias pobres, então nós lhes damos uma chance de fazer música”, confirma.

“Eu sempre achei que a música tem o poder de curar, de salvar as vidas de muitas crianças e lhes dar esperança no futuro”, afirma Vengerov.

Questionado sobre a dificuldade de gerar interesse pela música de concerto nos jovens, Vengerov fez uma ótima comparação: "Hoje temos tanta música, boa e não tão boa. No futuro, teremos que ser mais seletivos sobre o que estamos ouvindo. É como comida: hoje estamos mais conscientes sobre o que é boa comida e  comida não tão boa. Assim, a cultura gastronômica cresceu enormemente nos últimos 20 anos. A mesma coisa tem que acontecer na música”, diz.

“Nós gostamos de fast food. Eu já comi, as crianças adoram. Mas em algum momento nós descobrimos que o que é realmente bom para nossos estômagos nem sempre é o mais popular. Na música é a mesma coisa”, conclui, sábio.

Orquestra Juvenil da Bahia, Maxim Vengerov (solista, regente) e Carlos Prazeres (regente) /  Teatro Castro Alves / Hoje, 20 horas / R$ 180, 120, 40, 20 e R$ 90, 60, 40, 10 (meia)

terça-feira, março 03, 2015

ROQUEIROS QUE VIERAM DO FRIO: BLUEINTHEFACE E OZZMOND FAZEM TURNÊ PELA BAHIA E NORDESTE

Blueintheface, foto: Sami Toropainen
Quem vive esperando bons shows gringos de rock em Salvador tem uma boa razão para sair de casa hoje.

Não, não é nenhuma banda internacional famosa que vai tocar na cof cof! Arena Fonte Nova. cof cof!

O evento Quanto Vale o Show? de hoje traz duas atrações direto da distante Helsique, capital da Finlândia: a banda Blueintheface e trovador solitário punk Ozzmond.

Ambos vieram à Bahia para uma série de shows com seus parceiros locais, o trio Pastel de Miolos. Em 2014, o PdM rodou pela Finlândia, Letônia, Estônia, Polônia e Lituânia com Blueintheface e Ozzmond.


Agora, os finlandeses estão por aqui com uma agenda e tanto. Domingo eles já tocaram no Domingo de Cabeça Pra Baixo.

Hoje se apresentam de graça no Dubliner’s. Daqui eles partem para Itabuna, Feira de Santana, Camaçari, João Pessoa, Recife, Aracaju, Alagoinhas e Lençóis. Ufa...!

Ozzmond, o Wander Wildner de Helsinque
“Conhecemos os caras da Pastel pelo Brechó Discos, que lançou material da minha outra banda, Riiva”, conta o baixista Kimmo Pengerkoski.

“Eles me perguntaram se seria possível excursionar pela Finlândia algum dia. Estávamos agendando uma turnê para a Blueintheface, então os convidamos para se juntar a nós. Depois eles disseram que, se quiséssemos viajar pelo Brasil, eles nos ajudariam”, diz. 

"Amnésico", o blogueiro disse para Kimmo que não sabia nada do rock finlandês - mentira, tinha esquecido, mesmo. Pra que? Tomei uma aula.

"A Finlândia é bem conhecida pelas suas bandas de heavy metal, como Nightwish, HIM, Apocalyptica e Amorphis, por exemplo. Mas também temos uma cena de rock bem viva. Talvez as bandas de rock não sejam tão populares quanto as de metal que mencionei, mas temos uma boa qualidade quando se trata de música rock. Hanoi Rocks foi uma das primeiras a surgir nos anos 1980, e seu vocalista Michael Monroe está mais ativo do que nunca em sua carreira solo. A cena punk na Finlândia também está viva e chutando , ainda que mais no underground, mesmo. Helsinque é a capital do rock na Escandinávia. Temos uma cena rock e underground bem forte por aqui. Mas o que mais me deixou admirado foi descobrir o quanto bandas como Terveet Kädet, Kaaos, Rattus e Riistety são populares na cena punk brasileira. Achei incrível!", explanou Kimmo.


Amarradões

Bom, pelas caras de felicidade da galera no Espaço Dona Neusa, vide as fotos publicadas nesta segunda no Facebook da banda, a rapaziada está amarradona aqui em Salvador.

Domingo passado, o Bitf já em SSA, com Dona Neusa e Irmão Carlos
“Essa é a primeira vez que tocamos fora da Europa. Vir ao Brasil é algo que jamais imaginei, nem em meus sonhos mais selvagens”, diz Kimmo.

“Estou ansioso para conhecer este lindo pais. Espero ver ótimos shows de bandas locais e conhecer muita gente legal. Como fã da seleção brasileira, espero que haja tempo para ver a magia do futebol brasileiro”, espera.

Mas, espera. O que é a Blueintheface?

“Somos um quinteto de Helsinque. Já tivemos várias formações. Esta formação vem desde 2010. É difícil nomear influências, mas eu diria The Clash. Eles não ligavam se eram chamados de punk, rock ou reggae. Eles  faziam música do jeito deles. Gosto de pensar assim”, diz.

Ambas as atrações de Helsinque se apresentam hoje, no Dubliner’s. O ingresso é quanto você acha que vale

Ozzmond e Blueintheface / Hoje, 18 horas / Dubliner’s Irish Pub / Grátis

NUETAS

Baleia no SESI hoje
Além dos finlandeses aí do lado, hoje tem a banda carioca  Baleia no Teatro  SESI. 20 horas, R$ 30 e R$ 15.

Matinê rock sábado
Sábado tem matinê com as bandas   Circo Litoral, Billic Roll e Cartel Strip Club. Dubliner’s Irish Pub, 14 horas, R$ 10.

O Terno e Inventura
O  evento Três é Demais! – Power Rock Trios bota as bandas O Terno (SP) e Inventura no Largo Tereza Batista. Domingo, 18 horas, R$ 20.

Wado e Radiola
O alagoano Wado  e banda Radiola fazem o show pelo Dia da Mulher no Dubliner’s. Domingo, 18 horas R$ 20.