quarta-feira, maio 11, 2016

O POSSÍVEL ACENO DE ADEUS DO PATRIARCA DO PUNK

Possível último álbum de Iggy Pop traz nova parceria, enquanto biografia definitiva chega às livrarias em bela edição de capa dura

O mundo realmente está de ponta-cabeça.

Iggy Pop, o patriarca do punk, não é mais o primeiro surgir quando se digita seu nome no Google (é uma tal de Iggy Azalea).

Mas e daí? Quase septuagenário, esta entidade superior do rock estava aí muito antes da Internet – e sua obra e memória seguirão vivas quando a tal da Azalea, muito em breve, se tornar mera nota de rodapé na enciclopédia da cultura pop.

Obra e memória, aliás, são os motes de Post Pop Depression, seu mais recente álbum, e também de Open up and bleed: A vida e a música de Iggy Pop, excelente biografia do Iguana assinada pelo jornalista Paul Trynka.

Apontado por muitos críticos como a obra derradeira de Pop em vida – vira essa boca pra lá –, o álbum é fruto da recente parceria do cantor com um dos mais respeitados roqueiros dos últimos 15 anos: Josh Homme, da banda Queens of The Stone Age.

Ao seu lado, uma cozinha de respeito: Dean Fertita (The Raconteurs) no baixo  e Matt Helders (Arctic Monkeys) na bateria.

Aos 69 anos, Pop faz em Post Pop Depression, de fato, um balanço da vida louca e do legado que deixa ao encarar a própria mortalidade.

Letras como a de American Valhalla (referência ao paraíso pós-vida dos guerreiros nórdicos) não deixam dúvidas: “Aonde é o Valhalla  Americano? / Morte é a pílula mais difícil de engolir”.

Gravado em segredo no estúdio de Homme localizado no deserto de Joshua Tree, o álbum traz aquele som já característico do guitarrista: grave, anguloso, seco. Se for mesmo a saideira do velho punk, está de bom tamanho.

Pode não ser comparável aos seus grandes momentos com os Stooges ou David Bowie, mas desce a cortina em grande estilo.

James vs. Iggy

Todo mundo conhece Iggy Pop, o rock star destrambelhado com corpo de bailarino que se tornou um dos pais do punk rock ao fundar, em 1967, a lendária banda The Stooges.

Já em Open up and bleed: A vida e a música de Iggy Pop, o autor Paul Trynka nos apresenta ao homem por trás do mito, o senhor James Osterberg.

Considerada por muitos críticos como a biografia definitiva do Iguana, Open up and bleed ganhou bela edição brasileira da Aleph, com capa dura e caderno de fotos.

Com mais de 500 páginas, o livro traz um relato detalhadíssimo de Pop, com direito a depoimentos de amigos de infância, músicos e produtores e até seu terapeuta.

Não dava para esperar menos de Paul Trynka, consagrado jornalista musical inglês, autor de bios de David Bowie, Brian Jones e ex-editor da revista Mojo.

Mas talvez o maior mérito do livro seja a revelação da dupla personalidade James Osterberg / Iggy Pop. 

Nascido na pacata cidade universitária de Ann Arbor, Iggy cresceu   em um parque de trailers.

Seu pai era professor, e ele era um verdadeiro CDF: articulado, envolvido com política, foi até apontado como “o mais provável a se tornar presidente” no livro do ano escolar.


Tudo mudou, claro, quando ele foi fisgado pelo rock ‘n’ roll, graças aos irmãos (e vizinhos) Ron e Scott Asheton, com os quais ele fundou os Stooges.

O livro – talvez esta seja sua única falha – não explicita o momento exato em que o afável Jim se metamorfoseou em Iggy, o roqueiro selvagem que rolava sobre cacos de vidro no palco.

Mas um relato em particular, do fotógrafo Bob Gruen, é bem revelador.

Em 1996, ele foi fotografar um show de Pop em Londres. Ao chegar, o encontrou em um ritual pré-show:

“Foi como assistir ao Hulk, quando uma pessoa normal se transforma numa criatura incrível. Dava quase para ver ele se tornando mais forte e poderoso. O Jim tinha se transformado no Iggy e se apropriado de toda aquela massa, aquele poder”.

Iggy, seu monstrinho.


Post Pop Depression / Iggy Pop / Universal Music / R$ 27,90

Open up and bleed: A vida e a música de Iggy Pop / Paul Trynka / Aleph / 536 p. / R$ 69,90

2 comentários:

Adelvan disse...

quando eu crescer eu quero escrever que nme você.

Marcos disse...

Cara muito bom post, O Iggy é dinossauro mesmo, curto muito Stoogs, muito bom texto, continue escrevendo, tenho uma loja de camiseta e vou cadastrar uma do Iggy depois de ler esse post até me empolguei, se quiser conhecer é http://mrdylan.com.br