quinta-feira, maio 11, 2017

DA SÉRIE ANTES TARDE: FILHOS DE ZILDA

Fruto de sete anos de jams no Som de Zilda e uma bem sucedida campanha de crowdfunding, banda Pirombeira lançou seu primeiro álbum com um bem produzido show no Vila Velha. Quem perdeu pode conferir a banda ao vivo domingo, no Festival Caymmi de Música

Pirombeira, foto Matheus Pirajá
Louvar a riqueza da música baiana – em todas as suas vertentes – é chover no molhado, mas o fato é que esta década em especial está vendo o florescimento de uma geração muito especial, totalmente desapegada à rótulos e regras de mercado.

Com show de lançamento do seu aguardado primeiro álbum amanhã no Teatro Vila Velha, a banda Pirombeira é meio que um símbolo desta geração.

Surgida em 2010 e nutrida durante anos no Som de Zilda, evento  muito frequentado por alunos da Ufba no Espaço Cultural Tenda da Deusa, em São Lázaro, a Pirombeira estreia bonito, com um álbum de sonoridade muito rica, no qual se pode captar múltiplas referências que vão do jazz baiano do Sexteto do Beco (e a tradição da Escola de Música da Ufba) aos ritmos regionais baianos, Clube da Esquina, Tom Jobim, Lincoln Olivetti  e por aí vai.

No show de lançamento, o grupo ainda contou com a participação de convidados especiais, como o Bando Cumatê (maracatu de São Lázaro), Cassio Nobre, Luciano Almeida e Roberto Mendes.

A produção foi caprichada, com cenário de Lia Cunha (Tropical Selvagem), mais a iluminação desta e de Thiago Ribeiro, que também assina os figurinos da banda.

Com sete integrantes, a Pirombeira é Aline Falcão (teclas e voz), Gabriel Arruti (baixo), Ian Cardoso (guitarra, viola e voz), João Mendes (violões e voz), João Paim (percussão), Rubão Nazario (bateria) e Yves Tanuri (teclas e flauta).

No palco, essa galera ainda recebe o apoio do naipe de sopros formado por Bruno Nery (trombone), Everaldo Pequeno (trompete) e Levy Maia (sax tenor), mais o percussionista Luan Costa. Baita produção.

E tinha que ser mesmo. Depois de sete anos batendo ponto no Som de Zilda, o grupo formou um público fiel e apaixonado que bancou a gravação do álbum após uma bem sucedida campanha de crowdfunding, arrecadando quase R$ 1 mil além da meta estabelecida de R$ 22 mil.

“Foi uma saga, uma grande jornada para chegar até aqui. Começamos em 2014, depois tivemos que parar, retornamos em 2015, seguimos em 2016 e reunimos uma galera bem massa”, conta Ian.

“Profissionais como Israel Lima, que nos gravou no Estúdio do Ilê Ayiê, Otávio Carvalho do Estúdio Submarino (SP) na mixagem e Felipe Tichauer lá em Los Angeles, que fez a masterização”, enumera.
 
A banda recebe os aplausos do público no TVV. Foto Duane Carvalho
Saudades do Brasil

Com um som ora bucólico, ora praieiro, Pirombeira, o álbum, parece resgatar um ideal de Brasil que talvez não exista mais, talvez sequer tenha tido chance de existir, a civilização morena preconizada por Jorge Amado, Caetano, Glauber e outros, uma característica que parece comum aos artistas da geração destes músicos.

“Opinião minha, mas acho que esse olhar bucólico, nostálgico, é meio predominante nessa geração, esse olhar para os anos 1960, o instrumental brasuca (o chamado sambalanço), e trazer isso para o trabalho se inclui numa perspectiva geracional”, opina Ian.

“A gente olha para nossos heróis, aqueles que escreveram sobre a vida, sobre o Brasil, e deram significado às nossas existências. E aí nos vemos nessa realidade lenhada, então a gente busca a beleza nesse contexto”, acrescenta Gabriel Arruti.

Impressões etéreas à parte, a verdade é que a banda nunca planejou soar assim ou assado, afirmam seus integrantes.

“A gente não tem líder, não tem frontman. A gente tenta fazer o panorama mais elástico possível. Então não deliberamos muito sobre que sensações (o som) vai remeter a quem escuta”, diz Ian.

“A própria  banda não surgiu de uma deliberação. Nos juntamos nas jams do Som de Zilda, entre outras  bandas que eram assíduas ali. E cada membro tinha suas próprias referências. Nunca planejamos nada”, afirma Gabriel.

Animados, os jovens músicos da Piroimbeira prometeram uma grande celebração naquele domingo, no histórico palco do Teatro Vila Velha, fechando todo o processo iniciado sete anos atrás – e quem sabe, iniciando outro.

“Depois de todo o processo de crowdfunding, gravações etc, o disco veio como uma síntese de tudo que vivemos juntos. Espero que as pessoas venham curtir e compartilhar esse momento que é uma grande celebração pra gente”, convida Gabriel.

Ouça

www.facebook.com/pirombeira

Um comentário:

Rodrigo Sputter disse...

acho esse local da foto masssa, já tinha pensado em tirar foto aí...mas não gostei de algo nessa foto...não sei dizer o que é...

chico o povo quer saber de sua opinião:

http://www.elcabong.com.br/hit-de-pablo-ganha-versao-indie-pop-ouca-como-ficou/